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Humor-->"Comédia grátis da vida em Apartamento" -- 11/11/2005 - 12:38 (Hull de la Fuente) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

“COMÉDIA GRATIS DA VIDA EM APARTAMENTO”




Da área de serviço do meu apartamento no terceiro andar, ouvi ontem este diálogo entre a empregada do apartamento em baixo do meu, e a moça que fazia a faxina. As duas mulheres falavam alto, sem preocupação se eram ouvidas ou não. Aliás, sempre que estou fazendo algo na área de serviço eu escuto coisas hilárias, ditas por Eunice, a moça de Juazeiro do Padre Cícero.

_Eunice! Pra quê que a dona Laura compra este tanto de revista?

_Acho que é por causo do home dela, o dotô Arnaldo. Uma vez eu escuitei ele dizê que si admirava de na casa dela num tê livro nem rivista.

_Mais olha! Tem revista que ela nem abriu. Tá ainda dentro do envelope de plástico. Agora vai jogar tudo no lixo...

_É! Se ela num tivesse dinhero eu quiria vê se ela gastava assim. Fazê isso só pra mode impressioná home. Você num qué levá pra mode vendê como papel velho, não?

_Eu até que gostava mais eu vou ter de passar lá no Conjunto Nacional. Hoje é dia de pagar a prestação do meu tanquinho e do celular.

_Jucisleine, se você quisé mesmo, eu guardo no meu quarto. Pra semana você leva. É milhó do que botá lá na lixera e esses pé inchado desses carroceros pegá pra vendê e comprá tudo de pinga.

_Tadinhos! Eles também precisam. A cachaça ajuda os coitados a esquecer as promessas que fizeram pra eles. Eunice! Escuta só o que esta revista tá dizendo, que a mulher do presidente mandou fazer cem vestidos novos para levar nas viagens que faz com o presidente. Já Pensou? Se tem vestidos novos imagina os sapatos, as bolsas, as jóias...

_É! Quem nunca cumeu mel, quando acha o pote se lambuza... Por isso é que eu num gosto de político. Ainda mais esse aí. Tá vendo a foto dele? Tem cara de cachaceiro e de mintiroso. Essa cara dele num ingana. Parece cruzamento de cachorro pequinês com bode. Até a barba é de bode. Você já viu quando ele tá dizendo as mintira dele na televisão? Presta tenção, até a voiz é de bode...

_Cuidado, Eunice! Os comunistas mandam a polícia botar microfone nas casas do povo, até nos banheiros. Tudo quanto é lugar é controlado pela polícia...

_Jucisleine! Você é uma mulhé medrosa, covarde. Eu num tenho medo desse bode, nordestino. Se ele quisé botá microfone no meu banhero, ele pode pô. Assim ele vai escutá os meus peido pra ele. Agora é que vou mijá e fazê outas coisas com muito baruio. É tudo que ele e a puliza dele merece.

_Eu tenho medo de comunista, sim. Lá em Patos de Minas, meu pai nem deixava a gente falar esse nome dentro de casa...

_Se esse aí fosse cumunista ele dividia as coisa cum os pobre. Ele só pensa nele e no bando de bode que acumpanha ele nas maracutaia. Eu escutei isso na tal da CPI. Foi um senadô que falô, e eles si intende. São tudo farinha do mesmo saco. Se for verdade que eles ponharam microfone nas casa, agora é que eu vou dizê coisa mesmo. Assim eles aprende que a gente é pobre mais num é burra.

_Eunice! Vamos mudar de assunto. Eu já vi gente que a policia bateu. Ficou mais amassada do que carne de mortadela. Eu tenho um filho pra criar... Tenho de ajudar o Zé Firmino, que é um marido bom. A minha vida é dura, mas eu gosto dela.

_Jucisleine, você pricisava era de tê nascido no Nordeste. Lá é lugá de cabra decente, de mulhé corajosa. Meu pai, que Deus o tenha! Custumava dizê que tem três tipo de ritirante: os que é bom, os mais ou meno e os que num presta pra nada. Os bom trabalha nas feira, na construção e nas casa, cumo eu. Os mais ou meno, vende CD pirata nas rua. Os que num presta vai pru sindicato pra mode virá político ladrão. Nóis já vimo um monte deles, num é? Teve até um que botô dinheiro na cueca...

_Eu sei, Eunice! Mas você viu? Ninguém faz nada com eles, se fosse uma de nós, a polícia acabava com a gente.

_Acho que você precisa de benzedura pra mode afastá o medo de puliza... (há uma pausa na conversa entre as duas) Nessas rivista aí tem alguma foto de Bredi Piti? Eta home arretado de bunito. Se tivê, você dexa, que é pra mode eu colocá num porta-retrato que a dona Laura me deu. Quando eu fô nas féria, pra Juazeiro, eu vô levá pra minha irmã.

_Tá bom, se eu achar a foto é sua. Me diga uma coisa, por que sua irmã quer a foto de homem do estrangeiro? Num era melhor arranjar um homem daqui mesmo?

_Os home daqui num pode. Eles é tudo casado, as mulhé discobre logo. Lá no estrangeiro eles pode tê muitas mulhé. É pecado se enrabichar cum home casado, o padin Pade Cícero num dexava.

_Você tem razão, as moças tão tudo ficando pra titia. Num vê a dona Laura? Bonita, arrumada, com bom emprego, tem este apartamento bonito, e foi logo namorar homem casado...

_Coitada da minha patroa! Faiz de um tudo pra mode agradá o dotô. Ele vevi prometendo pra ela que vai largar da muié e nunca larga. Ela se cansou de isperá aparecê o home certo. Ela já tava cansada de ficá sozinha.

_Eu tô vendo que ela quer agradar ao namorado. Pelo menos as revistas ela compra, mas do que adianta? Ela nem lê. Se ela não leu as revistas, imagina os livros, que não tem figuras pra ver.

_O dotô Arnaldo vevi jogando na cara dela que ela num lê nada...

_Que cara chato, esse doutor Arnaldo. Será que a mulher dele lê alguma coisa? Pra ele ter se casado com ela, ela deve ser perfeita ou chata como ele. Então por que ele pula a cerca? A dona Laura deve mais é largar mão de ser boba. Ela vai ficar velha e enrugada e esse cara não vai nunca largar da mulher.

_Coitada da dona Laura! Um veiz ela me disse que o dotô nem é uma brastemp, mais ela ficava cum ele pur causo da solidão. Eu disse pra ela dexá mão dele. Se o home num é bom de cama num deve de fazê exigência pra mulhé.

_É mesmo? E o que ela respondeu?

_Ela falô que quando conheceu o dotô Arnaldo, tava tão acustumada de ficá sozinha, que já tava se apaixonando por ela mesmo...

-É triste viver na solidão. Eu já conheci muita gente que se apaixona pela própria companhia. Se não fosse o perigo de ficar doente de tristeza, era bem melhor do que ter um doutor Arnaldo...

_Eu vô é pidi pru padin Pade Cícero pra fazê a dona Laura isquecê esse incosto do dotô Arnaldo. Se ele num gosta dela por causo de livro, ele devia era de se amancebá cum uma biblioteca, divia de dexá minha patroa disimpidida.

_Toma cuidado! Pergunte primeiro se a dona Laura quer se ver livre do encosto. Tem mulher que não pode viver sem sexo...

_Que sexo? Num sei não! Se ele não é uma brastemp, vai vê que nem dá no coro, inda mais tendo que servir duas mulhé.

_De qualquer modo, pergunte primeiro, Eunice. Num esqueça que homem tem outros membros...

_Que é isso, Jucisleine? Quem gosta de ser lambido é cocho de sal. Mulhé gosta é de firmeza, da coisa dura. Agora é que eu vou mesmo rezá pru meu padin. Coitada da minha patroa! Deve de tá carente de home de verdade.

_Fala primeiro com ela. Você não sabe se a dona Laura gosta de língua, Eunice.

_Cê tá doida? Que mulhé num gosta de virar os olho nos braço dum cabra de verdade? Que mulhé vai se sastifazê só com o cumeço da brincadera? Eu vou rezá sim. Minha patroa num vai mais sirvi de cocho de sal pra boi velho.

_Vou terminar meu trabalho, Eunice! Eu não me meto mais nesse assunto.

_Vai, Jucisleine! Você foge de tudo mesmo! Que raça de mulhé é você? Tem medo de tudo. Num qué nem ajudá uma pessoa boa que nem dona Laura. E olha aqui! Eu num vô mais pidi as coisa dela pra dá procê. Me isquece Jucisleine.














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