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Artigos-->Volubilidade -- 07/04/2003 - 02:01 (Fernando Jasper) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Volubilidade. Propriedade do que é volúvel.

Volúvel adj. 1. Que gira, que se move facilmente. 2. Diz-se da pessoa inconstante, instável, sem decisão firme, que muda de opinião facilmente.

(retirado de um dicionário qualquer)





- Quer saber? Estou com o Bush. O cara está certo.

- É mesmo, cara?

- É. Os Estados Unidos são um grande país, uma nação próspera. Eles sabem o que estão fazendo. Sabe por quê?

- Mas me diga!

- Porque 99% dos americanos são cristãos. Claro que tem 1% de satanistas, ateus, ku-klux-klans e coisa e tal. Mas isso é o de menos. O negócio é matar todos esses muçulmanos, esses caras que acreditam em Alá.





Diálogo igual, ou bem semelhante a esse, foi ouvido pelo colega de Círculo Lielson Zeni, dentro de um ônibus curitibano. A opinião do homem “que está com Bush”, se não é igual à do Papa, representante máximo do cristianismo, também não é nem um pouco volúvel. Independentemente do que acontecer na guerra, será bem difícil o cidadão demonstrar qualquer sentimento de piedade em relação a iraquianos mortos ou a qualquer vítima não-cristã.





Mas nem todos são tão firmes em suas opiniões, seja sobre a guerra, seja sobre qualquer coisa:





- Sabe que aquela Beltrano S. A. é uma grande porcaria? O atendimento é péssimo, os caras não prestam, mesmo.

- Meu pai trabalha lá.

- Então. É o que eu sempre digo. Por pior que esteja o mundo, ainda tem gente que se salva, como o seu pai. Garanto que ele é diferente dos caras que mandam na Beltrano, que só querem saber de dinheiro.

- Meu pai é o presidente da Beltrano S.A.

- Então. É como eu ia dizendo. Eu vi que a Beltrano melhorou muito de uns tempos para cá, o pessoal está atendendo melhor, eu me sinto muito bem tratado. Teria o maior orgulho em trabalhar lá. Aliás, você sabe se tem uma vaguinha pra mim?





Certamente você já passou por situação parecida com essa. Quanto mais estreitos os nossos laços com alguma coisa, maior a dificuldade e o constrangimento em criticá-la. É nesses momentos que a volubilidade de nossas opiniões fica mais evidente.





O Oscar do último domingo reuniu grandes exemplos disso. Os diversos atores, diretores e demais ligados ao cinema lá presentes demonstraram, brilhantemente, que suas opiniões podem ser tão volúveis quanto seus casamentos. Nem Rubens Ewald Filho, comentarista do SBT, escapou.





O cineasta Michael Moore, vencedor do Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem pelo filme Tiros em Columbine, uma crítica ao armamento norte-americano, foi muito aplaudido quando recebeu a estatueta. Mas recebeu uma tremenda vaia quando, em seu discurso, desafiou a Academia e criticou duramente o presidente norte-americano e a guerra contra o Iraque. A música subiu, indicando que o tempo de discurso estava esgotado, e ele quase não conseguiu terminar o desabafo.





Mais tarde, Adrien Brody, vencedor do Oscar de Melhor Ator por O Pianista, filme sobre o Holocausto, pediu mais um tempinho quando a música começou a subir. Rubens Ewald Filho indignou-se e disse que era uma injustiça conceder-lhe o tempo, já que outros não tiveram tal chance.





Mas Brody foi bem mais sutil que Moore. "Recebo esse prêmio em um tempo tão estranho. O filme me fez ficar consciente da tristeza e da desumanização do ser humano durante uma guerra", disse ele, para depois concluir com chave de ouro: "Seja Deus ou Alá em quem você acredite, ele estará olhando por você". Foi aplaudido em pé pelos mesmos que vaiaram Moore, e Ewald desabou em desculpas e elogios: “Foi a fala mais bonita da noite”.





Susan Sarandon não enfrentou problemas por estar usando um broche que representava uma pomba e por ter feito o gesto da paz com as mãos. O mesmo aconteceu com Barbara Streisand, apresentadora da premiação para Melhor Canção. Até porque ela garantiu ter orgulho de viver em um país que lhe dá o direito de cantar e dizer o que quiser.





Foi uma pena não poder verificar a volubilidade da opinião de Barbara, já que ela não se pronunciou sobre a retirada das credenciais de repórteres da rede de televisão árabe Al-Jazeera, por parte da Bolsa de Nova Iorque. Nem sobre a repressão policial a manifestantes norte-americanos que pediam paz.





Mas, via das dúvidas, sua opinião segue as tendências dos norte-americanos em geral. Exultavam quando George W. Bush disse que a guerra precisava ser e seria rápida. Mostram-se inseguros agora, quando, com a maior cara-de-pau, Little Bush diz que a guerra será longa. E pedirão paz se seus soldados demorarem ainda mais a voltar. Igualzinho ao Vietnã.





Paciência. A opinião do ser humano, especialmente a do norte-americano, é naturalmente volúvel.





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