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cronicas-->O cimento das partes falantes -- 08/09/2008 - 10:47 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O cimento das partes falantes

Fernando Zocca

Cada um se manifesta como pode. Há malucos e malucas que conseguem passar boa parte das madrugadas, conversando sobre as loucuras que lhes vêm à mente.
O objetivo deles é um só: gozar o prazer proporcionado pelo estar junto, em algum lugar, e falar sobre assuntos variados, sem lógica ou sentido. Isso ajuda a amenizar as sensações de vazio, inutilidade, e incompetência.
Se você é também daqueles que têm alguma dificuldade em conciliar o sono e vê que existe alguém conhecido, capaz de ficar junto durante bastante tempo, falando sobre o que lhes vêm à cachola, então, você tem praticamente tudo para formar um amontoamento desses.
O objetivo é exatamente fazer a narração, estando num grupamento que se não muito sadio, pelo menos, deve ser bastante calmo. Mas saiba que os insensatos têm a mente na língua e não a língua na mente.
As gabolices podem ser elaboradas sobre os assuntos que surgem no momento; podem versar sobre os problemas e dificuldades enfrentadas por você, familiares, ou ainda amigos, e coisas assim, desse tipo.
Não é necessário que você escreva antes o roteiro. É bom que cada um da turma colabore com o todo, falando por algum tempo, quando o parceiro já tiver delirado sobre aquilo que lhe compete.
Lembre-se: é um entretenimento. Realmente serve para o divertimento, quando não se tem algo mais sério para fazer; vocês ficarão horas e horas envolvidos numa atividade como outra qualquer, como a do jogo de cartas, por exemplo.
O importante é não perder a paciência, quando alguém do seu lado ou mais distante um pouco, não corresponder às suas expectativas. Perder a calma pode comprometer a coesão do pessoal e a reunião terminará logo, se houver grosserias.
Não se esqueça que o objetivo dessas sessões é mesmo a distração, que deve ser prazerosa, do contrário, as próximas estarão dificultadas. Então, temas como concubinagem, morte, seguro de vida, conflitos entre concubina e esposa abandonada, podem até ser ventilados, mas são bem pesados.
Assim como o atleta que faz seus exercícios físicos, para manter a boa forma, e a saúde, as pessoas que se dedicam a esse tipo de atividade, buscam-na para manter o equilíbrio emocional.
Diferente do ato de escrever, que é feito por uma pessoa só, o reunir-se em aglomeração e contar cascatas coletivas, diverge nesse ponto. No grupo há uma comunhão de intenções, de idéias, pensamentos e palavras. Quando o escritor trabalha, faz o seu trabalho sozinho, com as motivações e material da sua experiência.
Como toda atividade física, o estar junto para fazer bazófias coletivas, dever ter um tempo de refazimento das forças, momentos para descanso. Afinal ninguém é de tijolo.
Lembre-se que as narrações compostas pela tribo não têm registro. Logo depois do fim das funções tudo estará esquecido. E se a intenção da galera foi mais além do que a de passar bons momentos juntos, como obter um resultado qualquer, por exemplo, não há como comprovar se ele foi conseguido ou não.
A técnica de reunir-se para falar sobre coisas à toa, sem sentido ou lógica, pode minimizar o sofrimento produzido pela carência afetiva, ou seja, tem a característica de agregar. As emoções são lançadas para fora, expelidas, causando menos mal para quem as sente e nutre.
Poderíamos dizer até que é uma espécie de terapia coletiva, de grupo.
O tom a ser usado, para falar durante essas reuniões, dever ser sempre suave, monótono, ameno, possibilitando a fluição tranquila das idéias.
Há quem acrescente, para que haja maior agregação do ajuntamento, um quê de mistério, de temeroso no clima. O misterioso, que suscita o medo, funcionaria como uma espécie de cimento de junção das partes falantes.
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