Usina de Letras
Usina de Letras
25 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62289 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10389)

Erótico (13574)

Frases (50677)

Humor (20040)

Infantil (5459)

Infanto Juvenil (4781)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140819)

Redação (3310)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6211)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Hamlet -- 31/03/2003 - 17:23 (Paulo Eduardo Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Senhores colegas e professores, eu lhes digo que Hamlet é genial, não pelos motivos que por quatro séculos tem-lhes sido apontados. Em primeiro lugar, a peça é um plágio. Muito melhorado em relação à peça original, mas pelos padrões modernos, é um plágio. Como não se pode julgar o passado pelos padrões atuais, vá lá.

Pode –se considerar a peça como genial por outras razões as quais agora exporei. Em primeiro lugar considerando-se a época em que foi escrita. O ano mil e seiscentos, ou mil seiscentos e dois (a data exata ainda gera controvérsias) pertence a uma era em que todas as atenções estavam, ou deveriam estar voltadas para as ações dos governantes, seus grandes feitos e suas grandes derrotas. Shakespeare, assim, como produto de seu tempo, segue os padrões preestabelecidos, não havendo aí nenhuma inovação, nenhum motivo digno de nota. Sua obra, porém, difere das outras de seu tempo por abordar com maestria aspectos psicológicos ainda não descritos com perfeição em seu tempo, embora certamente percebidos enquanto fatos do cotidiano. Hamlet, o príncipe que se finge de louco intriga a todos com sua personalidade enigmática, que oscila entre a de um adolescente indeciso e a de um astuto cortesão, ora hesitando em concretizar os atos mais corriqueiros dentro de uma corte em que é o legítimo herdeiro, ora agindo de forma fria e surpreendente, ultrapassando obstáculos de forma obstinada. Freud e Goethe, entre outros, empenharam-se em decifrar os paradoxos deste personagem, e cada um a seu modo, erraram. Shakespeare adota como nome para o príncipe o nome de um filho seu que morrera, e escreve a obra sob a influência do falecimento do próprio pai, ambientando a trama, como ditava a moda da época, em um castelo onde nobres e príncipes e princesas e diplomatas se digladiam física e intelectualmente, numa disputa que envolve honra poder e desejo, as mesmas motivações que o autor vivia em seu dia a dia.

Agora, aqui, escancaro a vocês a verdade que lhes foi negada, tanto por perdoável falta de discernimento quanto por imperdoável cumplicidade e apego ao modus vivendi em que foram criados nossos luminares e estudiosos. A grande podridão a que o poeta se refere em sua peça é a própria família real. É, por extensão, o próprio sistema em que vive o autor. Se Cláudio usurpa o trono do pai de Hamlet, este o havia usurpado do pai de Fortimbrás (eta nome horroroso!). Valeria a pena levar a cabo uma vingança nestes termos? Mas além dos motivos de estado, os motivos de sentimentos impulsionam o jovem príncipe. São estes que o levam a realmente concretizar sua vingança. A mãe, roubada por seu tio, é o mais forte dentre estes.

Assim, de uma forma eficaz e sutil, Shakespeare consegue expor a podridão dos reinos de sua época, excedendo em muito a desimportante Dinamarca.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui