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Contos-->A Procura Por Alguém Supostamente Dispensável. -- 24/06/2001 - 12:21 (Ricardo Alexandre de Melo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era já quase meia-noite,a garoa molhava meu rosto, mal conseguia ver dois palmos além do meu nariz, tinha pressa não queria perder tempo, tentei olhar o relógio não consegui ver nada, decerto teria entrado água, paguei dez reais por ele, maldito relógio arranquei-o do meu braço e espatifei no chão.
O vento cantarolava um som aterrorizante em meus ouvidos que doíam, estava mal agasalhado sentia a ponta do nariz ironicamente ardendo de frio, minhas mãos e pés congelados que devido minha pressão baixa me castigavam, continuei a correr tropecei em um buraco na calçada e cai em uma poça d’água.
Levantei-me molhado e sujo xingando Deus e o mundo, tinha que chegar a tempo, estava ansioso, cruzei a rua deparei com alguns jovens se drogando e um cachorro virando uma lata de lixo, passei sorrateiramente sem que ninguém percebesse.
Aquele mundo de drogas, bebidas, mulheres já não existia mais, dignidade, cidadania, orgulho, um bom dia, nada mais havia, tudo estava perdido, o que podia esperar eu desse mundo incompreensível, injustos, intolerante e cruel.
Nada mais importa, o inverno de minha vida insiste em prevalecer, e o sol me abandonou levando consigo a esperança, as estrelas não brilham mais, a marcha fúnebre de Beethoven soam em meus ouvidos brotando de meu coração.
Continuo indo ao encontro daquilo que é mais temido entre homens, no entanto estou feliz, uma felicidade melancólica é verdade, estou por fazer algo que poucos ousaram em fazer, vou surpreende-la, estará lá no momento certo, nunca se atrasa, muito menos quando alguém a procura, sei que não vai me ignorar, sei que posso contar com ela.
Estou agora bem próximo a ela, sinto um calafrio, fico arrepiado continuo a andar tenho que chegar ao meio desse viaduto, olho a minha frente continuo a não ver nada, ainda garoa forte a neblina desce ofuscando ainda mais minha visão, esse deve ser local exato.
Tudo bem, acho que aqui posso encontra-la, tento ver alguma coisa sem sucesso, subo o parapeito, agora vejo luzes brancas e vermelhas, umas que vem outras que vão, abro meus braços fecho meus olhos, sinto o vento mais forte, um sino começa a tocar, penso na minha vida, vejo um dia ensolarado como nas pinturas de Monet, meu grande e único amor sentada na grama dando de mamar ao nosso filho sorrindo pra mim, as rosas começam a desabrochar, os pássaros cantam, aquele vento frio já não mais existe, o que era neblina tornou-se apenas nuvens formando desenhos engraçados, meu amor começa acenar pra mim dizendo, “Vem pra cá, não nos deixe sozinho, nós te amamos” ,fico indeciso sinto uma emoção arrebatadora, quero estar com eles,dou alguns passos em sua direção, as nuvens que estavam abaixo de meus pés que me permitiam andar começam a desaparecer e abre um buraco sobre meus pés, os céus trovejam e soltam raios, e volta a ventar muito forte.
Quero voltar para aquele paraíso, o vento forte que sopra ao contrário não permite, empurrando-me cada vez mais para o buraco, seguro em algumas nuvens que faz parte do paraíso mais elas se desmancham, olho pra cima, está minha família com seus braços estendidos tentando me socorrer, gritando desesperados “- não vá!!!”.
Abro meus olhos, e encontro o que tanto queria, lá esta ela a minha espera, sem nenhum atraso, sem piedade, sem volta.Não me diz seu nome, apenas diz:
- Pode fechar seus olhos, meu caro...


19/06/01 Ricardo Melo


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