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Cronicas-->Vida e morte num sábado de São Paulo -- 18/02/2001 - 18:16 (Dum De Lucca Neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os pensamentos voam um pouco cambaleantes entre as árvores da praça. É noite, alta, fria, úmida e solitária. O silêncio percorre a alma como uma dor sonolenta e persistente. Como a força de Hera, esposa de Zeus, como estranhezas absolutas e medrantes. Pensamentos apocalípticos. Idiotas. Profundos e tristes. A cidade treme, se excita com outra noite inesperada. Nas ruas seres sempre sem olhar. Sem dó. Alguns sem alma. Poetas, músicos, putas e travestis. Amor e ódio regados com bourbon e beijos. Olhares apaixonados entre tubos de concreto e titànio energizados por uma gozada completa.
Outra parada. A morena. Saio andando, rock´n´roll e gotas de chuva. Lambidas entre casais apaixonados. Artistas dentro do caos. Polícia violenta e crianças sem futuro. Lama entre meus dentes. Sangue. Interlúdios e trapaças da vida. Para que poesia? Para que pensar? Amar? Os pensamentos torturam um coração futurista. Onde raios de tesão são ligados a clitóris eletrocutados. Esquinas molhadas, malucos, drogados e traficantes. É noite úmida. Minha capa voa na cidade molhada. Os fragmentos espalham-se pelas estradas que ficaram pelo mundo, pelos mares, nas bocas pintadas, nos olhos da minha imaginação.
O poeta é como uma faca cruel e afiada que têm como prazer, também, estrebuchar a si mesmo e sofrer para criar. Símbolos revelados como os sete véus de ísis. Vago pela noite. Nem muito triste, nem muito feliz. Consciente de apenas ter a morte como certeza. O luminosos brincam com os insetos, como pessoas fazem com outras quando não amam a si. Não sou um laser opaco, enxergo a imensidão do cosmos com a pequenez terráquea. O desprendimento do ego hediondo e medíocre. Somos fogo, somos água, somos terra, somos ar. Nossa pele pede por alimento, se arrepia de amor, se estica, sua e escorrega. Penso em tudo, em nada. Choro com ódio, às vezes com mágoa.
Tudo é estranho. Os cheiros da noite, a excitação, a incerteza, a indiferença. A diferença que tudo isso faz. O novo. E principalmente, o desconhecido e o inesperado. Somos apenas grandes crianças tentando entender a vida. Senti-la, amá-la. Somos crianças adultas como cegos na escuridão, procurando um caminho, alguém, talvez a felicidade que está dentro de nós. Não sou triste, não sou nada. Tomo outra cerveja. Vejo uma loira bonita, ela me olha, não curto loiras, vou embora. Hoje eu não seria boa companhia. Tudo é volátil ,fugaz, menos um beijo doce e completo, de arrancar a língua e acabar com o fólego. Vago meio sem rumo, um pouco encharcado, meio baleado. Encontro uma amigas. Estão hardcore. Aonde vai dar?
Vou escrevendo pelas mesas e bancos. Sujo o bloco de bourbon, resolvo nem sei o que, a lua aparece. Está terminada a divindade dos atlantes, suas cidades estão submersas, sua cultura e civilização arruinadas. Será? Sou atlante, guerreiro. Tenho dois mil anos e meu aliado, o ser da reflexão, está a meu lado. Acredito em destino, e no acaso monitorado por Deus. Penso em olhos, mas não sei de que cor. Em cabelos, mas não sei de que cor, de que tamanho ou forma, de que cheiro. Penso em sexo. Mas não sei como. Penso em alguém que não sei se existe. São cinco horas e a garoa castiga meus cabelos longos. Vou pro Columbia, afinal abre às quatro da manhã. Quero andar viver e morrer. Tudo numa noite úmida. Nem tão triste nem tão feliz. Apenas solitária, gostosa, molhada, sensual, pacífica, estranha. As luzes brilham, o som tá alto. Pessoas enlouquecidas dançando. Vou na onda , tó na onda. .Essa noite não. Penso numa amiga, dou um sorriso, mais um bourboum A noite é compacta. Exata. Nem tão clara, nem tão escura. Vejo Vikings correndo atrás das normandas. Elas estão fazendo linha. Tudo que elas querem é serem colocadas de quatro e gritar de prazer. Muito bom, muito doce. Champanhe e rock´n´roll. Meus olhos pulam, saltam como estrelas escarlates. Tenho medo, tenho amor, tenho adoração lunar. Penso no ponto G, em pés, em mãos, no umbigo, no passado. Os discos voadores riscam os céus de São Tomé. Queria está lá. Bem no alto das montanhas, olhando a chuva, as pedras e os magos perdidos nas dobras do tempo.
Queria acreditar. Cidade de pedra, sangue. Quanta gente aqui em São Paulo. Poetar, sempre fui assim. Meio insano, meio louco, meio doce, meio tarado e meio ingênuo. Será que é tarde ou cedo nessa cidade imensa? Uns acordam outros enlouquecem. Fico no meio, ou o meio fica em mim? Recolhendo os pedaços espalhados pelos anos e pelos lugares. Entre as mãos que podem devolve-los a terra matre. Não to nada. Apenas andando nessa noite de sábado, sem rumo, sem nem. Minha mandala no bolso. Me reparto em tribos, fugindo, cansado. A morte vem, a lua também nasce da água, nas coisas mais lindas e suaves. Sexual e robusta. Me chama, me toca, faz mau sexo mudar, pensar, amar. Faz o mundo ser gostoso. Faz as ondas do mar subirem em volta de mim. Saliva, melado, gosma do gozo, banho gelado. Cachoeiras e abraços, beijos rimas e orgasmos. Melhor viver assim. Não to nada, sou poeta, nem sei como, mais cerveja. Uma noite, um suspiro. Sonhos, memórias e reflexões. Verdades e loucuras. As impressões e o mundo são ilusões? Quem responde? Talvez a loucura esteja rondando a minha cama. Talvez eu seja idiota. Prá que pensar, prá que escrever, prá que a poesia? Mas ainda penso em amor.




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