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cronicas-->NORMALISTA -- 18/09/2008 - 17:23 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Feliz iniciativa do presidente da província do Espírito Santo criara, oficialmente no Brasil, em junho de 1892 a Escola Normal, objetivando qualificar normalistas para atuarem no magistério e também prepará-las para o casamento. Assim, não apenas David Nasser, Benedito Lacerda ou a Professora Josefina Ferreira - a primeira mulher a ocupar em 1970 uma cadeira na Assembléia Legislativa do Estado do Piauí - mas todos nós fomos "Parceiros da Glória".
Em dezembro de 1954, João Eudes entrou na grande São Paulo, trazendo no rosto a poeira da estrada e no coração, a saudade de sua gente e de sua terra. Mal o dia amanhece e o bravo sertanejo, deslocado de seu habitat, povoa a maior metrópole brasileira. O movimento nas ruas ora o deixa alegre, ora o deixa triste e com saudade da lentidão da terra natal.
Sentado no batente da loja dos irmãos Goglianos, o pensamento de Eudes viajava ao nordeste em visita aos treze irmãos que lá deixara. A menos de sessenta metros de onde estava seus olhos contemplavam o imponente prédio de uma escola pública. O desejo de ver os irmãos estudando ali, não lhe parecia um sonho impossível. "Já que eu não pude estudar, vou trazer meus irmãos prá São Paulo. As onze mulheres serão normalistas e os dois homens, contadores".
Na Celso Garcia, um carro de propaganda fazia um anúncio qualquer e o fundo musical, na voz de Nelson Gonçalves, fez escorrer uma lágrima naquele sofrido rosto nordestino:
"Vestida de azul e branco / Trazendo um sorriso franco / Num rostinho encantador / Minha linda normalista / Rapidamente conquista...
Empregado no Café Expresso da Praça da Sé, Eudes agia com a mesma pontualidade e assiduidade com que trabalhara na loja dos Goglianos. Mas seu excesso de zelo causara ciúme em um funcionário mais antigo: "Você está fazendo média com o patrão e tirando minha oportunidade de crescer na empresa, vai pagar caro por isso". João não teve alternativa senão, demitir-se para preservar a vida, afinal, um jovem de dezessete anos, que sonhava melhorar a qualidade de vida da família, não podia morrer sem realizar tão belo sonho.
Com tantos desencontros e desencantos, a Paulicéia deixou de ser seu melhor sonho. Agora, o garimpo de Gorino e o comércio ambulante em outras pequenas cidades do Norte de Goiás, se lhe apresentava como um novo Eldorado. Fazia bons negócios por lá, bastava acompanhar as desobrigas do Padre em Goianésia, Netinópolis, Uruana, Rubiata e Rianápolis, durante os festejos. Contudo, Eudes não realizou o sonho de tornar-se um grande empresário em Goiás, vendeu suas quinquilharias a um conterràneo que mascateava em Porto Nacional e voltou ao Piauí. Estabeleceu-se na Av. Getúlio Vargas, em Picos e mais tarde, comprou uma casa na Rua São Sebastião para onde trouxe os irmãos que moravam no Rodeador.
Emocionado, vendo em 1967, sete deles desfilando pelo Colégio Estadual "Marcos Parente", o sertanejo chorou.


LIMA,Adalberto; SILVA, Francisco de Assis Lima et.al. TEXTOS SELETOS. Mar de Edéias 2008. Rio de Janeiro

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