Estive conversando com uns integrantes do Movimento Camponês Corumbiara há alguns dias. Eles se queixaram que só aparecem na mídia quando é para serem criticados por invasões, prefeitos e grupos conservadores. Me convidaram até para conhecer um de seus acampamentos, próximo de Porto Velho.
Ainda não pude aceitar o convite, por excesso de afazeres profissionais. Mas eles têm razão. O pessoal do MST já andou fazendo levantamento da cobertura da mídia em relação aos movimentos agrários.
Normalmente é feito por jornais ou jornalistas ligados a grupos conservadores, que não têm o menor interesse em causas como a reforma agrária, o que permitiria um injeção na economia nacional e o fortalecimento do sistema capitalista.
A explicação é simples. Ao se promover assentamentos aumenta o consumo de adubos, pregos, tábua, cimento, energia elétrica, eletro-domésticos, etc. A semente do capital, além de aumentar também a produção, diminui a fome, emprega pessoas e diminui também o êxodo rural e as favelas ao redor das cidades brasileiras. É, a reforma agrária pode acabar com muita coisa errada.
Talvez seja por isso que os grupos conservadores detestem os movimentos agrários. Eles devem gostar de mão-de-obra desqualificada ao redor das cidades, desesperados que se transformam em assaltantes e fome.
Qualquer país capitalista sabe que é necessário aumentar as áreas de plantio para atender a demanda crescente da população. Menos o Brasil e suas elites burras.
Terra no Brasil ainda é sinônimo de força política, de status para meia dúzia de assoberbados.
Os movimentos agrários surgiram da necessidade de se distribuir a terra e produzir mais. Quem os condena esquece que nos assentamentos as crianças são alfabetizadas e orientadas no sentido de produzir algo desde pequenas. Os assentamentos são bem diferentes das unidades da Febem, que os conservadores condenam e estimulam simultaneamente.
Os movimentos agrários, quase todos de orientação socialista, querem produzir. Produzir é a base de qualquer economia. Esses conceitos são tão óbvios que se torna até irritante escrever sobre o tema.
Mas dizem que todo país tem o povo que merece. Não é à toa que figuras que deveriam estar atrás de grades frequentam páginas sociais no Brasil. O país prefere a corrupção à racionalidade.
Prefere plantar marginais ao invés de pés de milho ou de abóbora. Os movimentos agrários têm razão.