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cronicas-->A norma -- 12/10/2008 - 16:38 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A norma

Fernando Zocca

Durante certo momento da gestão temerária que exercia em Tupinambicas das Linhas, Jarbas anunciou estar com càncer no testículo direito. Criam, porém alguns adversários, ser esse fato mais uma balela do astuto, que visava suscitar a compaixão do povo.
Na verdade o único càncer que Jarbas, o caquético testudo, tinha era o do signo zodiacal. Não poderia ter sido mesmo outra a conclusão dos adversários políticos, tal o desempenho conseguido por ele nas últimas eleições.
A maioria dos eleitores se identificava com aquele gabiru de prefeitura, pois se tivessem em situação semelhante, gostariam de inventar desculpas para safar-se das garras da lei, como ele se safou. Jarbas, com suas mumunhas, tornou-se o herói mais popular que Tupinambicas das Linhas já teve.
Ninguém mais poderia estar no gozo dos tais benesses se não tivesse habilidade para driblar as dificuldades que surgiram em forma de desaprovação das contas públicas, inquéritos sobre participação em desvios de verbas, superfaturamento nas contas das obras que fazia, e muito mais escàndalos que ainda não haviam se manifestado.
No Império a longevidade legal do governo caracterizava o regime; a permanência do matusquela na prefeitura, sua administração longeva, era atributo da malicia, ilegalidade e manhosidade.
Até mesmo o Fuinha Bigodudo, que há mais de vinte anos incrustara-se no legislativo, recebera agora nas últimas eleições, o benesse da permanência por mais tempo.
Sem oposição na càmara municipal, o caquético conduzia as finanças do município para obras diversas daquelas que poderiam minorar o desconforto da população mais pobre.
Agrados como a doação de Notebooks aos vereadores, contratação de parentes dos secretários municipais para os cargos burocráticos na administração, e favorecimentos ocultos a colaboradores, garantiam a permanência do arruinado na prefeitura.
A cidade onde até os peixes paravam, sob a condução do caquético, receberia novas indústrias com empregos para seus habitantes?
A opressão continuaria, tal como aquela em que o vereador que em discurso no plenário da càmara municipal, ao dizer não acreditar nas teorias da seita maligna do pavão louco, teve que publicar mais de vinte mil exemplares do cànone da seita, sob pena de ver sua carreira pública ameaçada pelo insucesso?
Na primeira reunião depois de conseguido mais prazo de permanência junto aos cofres públicos, Jarbas e o Fuinha Bigodudo aventaram a hipótese de abrigar, no funcionalismo, a mocréica Luisa Fernanda, que com os abalos no sistema económico-financeiro mundial, via seu emprego no banco Brafresco perigando.
- E com greve bancária, ainda por cima. - ponderou o Fuinha, cofiando a barbicha rala e branca que despontava no queixo magro.
Considerando que uma das mãos deveria curar a outra, Jarbas o energúmeno caquético, prefeito da cidade que concentrava a maior quantidade de bicas de todo estado de São Tupinambos, garantiu ao decano dos vereadores tupinambiquences, a contratação de Luísa Fernanda, a carimbadora burocrática, se seu banco falisse ou se a despedissem.
Pensando já no natal gordo que teriam Jarbas o caquético, que notava agora a oportunidade sem par para o ganho de peso, disse ao Fuinho que não lhe saia da mente o projeto da biblioteca pública.
- Não há uma fórmula para, pelo menos trocar aquele cimento caro, por outro mais em conta? Afinal, tudo é a mesma coisa. E depois tem mais, viu ó Fuinho! Se não der certo, se, Deus me livre, tudo cair, vier abaixo, haverá o seguro, que com certeza terá seus valores divididos entre as partes envolvidas.
O Fuinho que momentos antes, na sala do café, dissera aos presentes, ter recebido um convite muito especial e ter confidenciado estar terminando a leitura de O Monte Cinco do Paulo Coelho pensou, mas não deixou de observar:
- Não é só no cimento que podemos economizar. Há a areia também. O preço da de primeira já foi mencionado, mas nada impede que coloquemos outra menos valiosa.
Confiantes de que teriam um bom lucro ao tomarem o dinheiro público para pagar um produto caro, substituído por um "mais em conta", guardando o troco, Jarbas e o Fuinho, seguindo a norma republicana vigente, preparavam já para a próxima gestão os planos constituintes dos seus respectivos pés-de-meia.
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