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Erotico-->REMINISCÊNCIAS 30: DO CARMO -- 18/02/2007 - 21:26 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
REMINISCÊNCIAS 30: DO CARMO

Ela entrou furiosa na minha sala e disse:
-Eu mato o Dico, eu mato!
Levei um tremendo susto.
-O que foi Do Carmo? – perguntei.
-Aquele safado do Dico. Agora que estou grávida, ele não quer saber do filho!
- Ele pode estar se acostumando com a idéia – disse para tentar consolá-la.
- Que nada! Ele não quer mais nada comigo. Vou ter que criar a criança sozinha.Mas ele me paga. Vou pedir pensão alimentícia – disse-me.
Eu pensei com meus botões:”Coitado do Dico. Agora, danou-se!”
Do Carmo era maranhense e veio para Brasília para tentar a vida, como todo candango.
Empregou-se no serviço público e sentia-se só. A família estava distante e somente a cada dois anos, depois de juntar algum dinheiro, conseguia visitá-la.
A convivência com as demais colegas de trabalho a deixavam deslocada. Havia mães, mães solteiras, enrabichadas, namoradas, amantes, separadas.
Seu sofrimento aumentava no dia dos namorados. As outras recebiam flores, presentes, e ela nada. Gostaria de ter “um homem para chamar de seu”, mas sua aparência cabocla não ajudava.
Na festa do Reveillon, conheceu Dico. Ele também estava solteiro e na mesma condição que Do Carmo. Não arranjava companhia e tomava umas e outras para aplacar o fogo que corroía as suas entranhas.
Já tinha procurado mulher em todo o canto e a situação estava difícil: ou eram caras ou queriam compromisso sério. Com o salário que ganhava, não tinha como compatibilizar a necessidade fisiológica, a diversão e o prazer.
Juntando “a fome com a vontade de comer”, Do Carmo e Dico se conheceram na passagem do ano na mesma festa, beberam todas e foram tomar banho no chafariz, sob a luz da Lua.
A água molhou o vestido da Do Carmo destacando as suas formas femininas. Dico que já estava alto, achou-a linda e ficou excitado.
Passa a mão aqui, amassa dali, pintou um beijinho. O beijinho acendeu a brasa do amor, daí para a fogueira e o incêndio foi um passinho. Amaram-se sob o olhar das estrelas e a bênção da Lua, dentro do chafariz. Nem perceberam se alguém os estava vendo ou não.
Do Carmo sentiu-se nas nuvens. Havia sido a experiência mais marcante da sua vida (pelo menos foi isso que depreendi quando ela recontava a história daquela noite).
Para ela, já havia arranjado um namorado e futuro marido. Para ele, finalmente havia tirado o atraso depois de quase um ano em Brasília.Sob o efeito do álcool, então, que sensação maravilhosa. Sentiu-se leve e calmo. Não contava, contudo, com o efeito colateral – o filho.
Por três meses seguidos, eu ouvi a mesma história: a festa, o chafariz, Dico, o filho. Por consideração à Do Carmo, nunca reclamei que já não agüentava mais falar no assunto.Ela não tinha com quem desabafar e eu estava ao seu alcance.
Os demais colegas também se comoveram, mas não podiam fazer nada. Era um assunto pessoal.
O Dico de vez em quando ligava para saber notícias, depois tomava um tremendo porre. Outras vezes se encontrava com Do Carmo e ela voltava feliz. Dava para imaginar o que tinha acontecido.
Quando Do Carmo foi fazer os exames médicos pré-natais, veio a bomba: ela estava com pré-eclampsia.
Aí, foi outro bombardeio. Ela iria perder a criança e o Dico não ligava. O Dico era um irresponsável safado, ela não iria mais falar com ele...
E perdeu a criança mesmo. Foi um sufoco a recuperação porque ela estava com quase quarenta anos e era a primeira gravidez.
O Dico sensibilizou-se e ficou com ela, sem necessidade de papel passado
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