É mesmo uma lástima que a nobre colega tenha nascido tão doravante e não um pouco antes da famigerada manhã em que Gregor Samsa se viu, depois de acordar de sonhos intranquilos, transformado numa etc.
Extremamente a posteriori, dona Milazur praticamente dá uma receita infalível para a família do moço:
"Por falar em veneno, apareceu um camundongo em minha área de serviço, atraído pela ração de meu cão.
Como estava difícil dar cabo dele, comprei o tal de "chumbinho", que é infalível. Na manhã seguinte, apareceram duas baratas de perninhas pro ar.
Como se pode ver, o veneno direcionado aos ratos, pode, também, matar os insetos."
Mas voltemos ao problema da minifabulista, com uma conclusão mais do que óbvia, e que seria um outro epílogo, de efeitos colaterais mais do que previsíveis, redundando em poemas de uma beleza choraminguenta:
Para matar o camundongo, seria preciso sacrificar o cãozinho, colocando os chumbinhos diretamente na ração do fofo.
Do imo d alma, eu peço a Deus que a nobre raticida frustrada, agora inseticida confessa, e com tantos requintes de crueldade (cf. o relato das perninhas viradas para o ar), não leve em conta a conclusão acima, que só pode ser fruto de u a mente evidentemente perversa. E, sobretudo, rogo para que ela não nos invente de espalhar chumbinhos por toda a farta ração espiritual com que alimenta o nosso cotidiano, preservando, neste canteiro de obras de resto já tão minado, o que de humano ainda resta.
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À memória das vítimas.
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