ZÉLIA GATTAI NO PARQUE
"Grande programa, o maior, o melhor de todos para mim - a ida ao Parque Antártica, na Avenida Água Branca. Ai que frio no estómago, ao subir na roda-gigante! E o carrossel? Era por acaso pouco emocionante montar os coloridos cavalos de pau? Chegava a sentir vertigens naquele sobe-e-desce dos cavalinhos rodando, rodando... (...) E os trenzinhos puxados a burro, circulando pelo parque todo? As carrocinhas arrastadas por bodes e carneiros? Os pirulitos de todos os formatos e cores? As bolas de ar, subindo lá no céu, presas por um barbante? O algodão de açúcar? As gasosas e os sanduíches? O Parque era divino! Pena não podermos frequentá-lo sempre. Não adiantava pedir que nos levassem, chorar, espernear.
_ Parque Antártica? Outra vez? Com essa criançada toda, querendo tudo o que vê? Não, não sou Matarazzo nem Crespi! desculpava-se papai.
Mamãe reforçava a recusa do marido, aproveitava para nos ensinar um pouco de sua língua:
_ Bisogna un saco di sóldi, um saco de dinheiro, sim - traduzia."
(*)Zélia Gattai, em Anarquistas Graças a Deus
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Beatriz Cruz |