"A arquibancada pós-se em pé. Conteve a
respiração. Suspirou:
_ Aaaah!
Miquelina cravava as unhas no braço gordo da Iolanda. Em torno do trapésio verde a ànsia de vinte mil pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco. De azul. De vermelho.
Delírio futebolístico no Parque Antártica.
Camisas verdes e calções negros corriam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava um minuto, um segundo. Não parava.
_ Neco! Neco!
Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou.
_ Gooool! Gooool!
Miquelina ficou abobada com o olhar parado. Arquejando. Achando aquilo um desafóro, um absurdo.