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cronicas-->Os versos que te dou -- 23/02/2001 - 13:56 (Anizio Canola) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Embalada pela adolescência risonha, justamente numa época romàntica sem igual, nossa alegre turminha era unida e participativa. Sem segredos. Acreditando em castelos de areia, tão viáveis como qualquer coisa sólida. Naquele meio, uma descoberta importante entre ela e eu. Tínhamos afinidades particulares demais. Todos gostaram. Inegavelmente era o cupido nos flechando. E nos apoiaram. Nosso poeta predileto, J. G. de Araújo Jorge, falava por nós, quando embatucávamos nas declarações mútuas. "Os versos que te dou", um poema lindíssimo, refletia o começo de nossa paixão:
* - "Ouve os versos que te dou. E os fiz hoje que sinto o coração contente. Enquanto o teu amor for meu somente. Eu farei versos e serei feliz. E hei de fazê-los pela vida afora. Versos de sonho e de amor. E hei de depois relembrar o passado de nós dois. Esse passado que começa agora..."
Contudo, em pouco tempo o romance acabou. Usei de franqueza. Meus sentimentos haviam me enganado. A atração por ela era apenas fraternal. Sinceridade pouco consola nesse caso. Ninguém arranca do peito uma paixão que teima em ficar. Ela pareceu entender, até elogiou meu comportamento. Ah, as peças que a vida nos prega. Nas esquinas da vida, ela ficou curtindo seu amor impossível. Escreveu-me coisas lindíssimas, do fundo da alma, crendo em um dia reatarmos. Lembrando aqueles versos da nossa juventude:-
* - "...Esses versos repletos de ternura. São versos meus, mas que são teus também. Sozinha, hás de escutá-los. Sem ninguém que possa perturbar nossa ventura..." Nunca mais lhe dei esperança de voltarmos. Jamais seriamos felizes juntos, imaginei. Falsearia comigo mesmo se insistisse. Meu coração me empurrava para outro canto. Recomendei-lhe fazer o mesmo. Formou-se uma barreira invisível entre nós. Até a amizade feneceu. Distanciei-me dela. Ela tentou me esquecer, mas volta e meia lá estava, silentemente, olhando-me de soslaio. E todos sabiam o que lhe ia no pensamento e na alma. Uma perdida ilusão de amor, como os romances de outrora.
* - "...Quando o tempo branquear os teus cabelos. Hás de um dia mais tarde revivê-los. Nas lembranças que a vida não desfez. E ao lê-los, com saudade em tua dor. Hás de rever chorando o nosso amor. E hás de lembrar também de quem os fez..."
O tempo passou célere. Casei-me. Ela, por sua vez, permaneceu fiel à sua admirável paixão. Não entregou seu coração a mais ninguém. Difícil acreditar em lances desse naipe. Irremediavelmente, sem solução. Parecia tudo acomodado, definido. Mas, não. Uma notícia chocante: a morte a levou de repente! Uma certeza para todos nós, porém nessas circunstàncias se torna ainda mais terrível. Os desígnios divinos são insondáveis. Fogem ao nosso entendimento. Tempos depois, em visita ao campo santo, quedei-me observando o quadrilátero repleto de flores multicoloridas. Uma plaquinha com números frios, destoando. As lágrimas brotaram... Imaginei que coisas assim só acontecessem em telenovelas. Minha conduta sincera nessa história era meu refúgio. Os versos que encantaram nossa mocidade ecoaram na mente:
"...Se nesse tempo eu já tiver partido. E outros versos quiseres, o teu pedido. Deixa ao lado da cruz para onde eu vou. Quando lá então novamente tu fores. Podes colher do chão todas as flores. Pois são versos de amor que ainda te dou".
Reparei melhor naquelas flores. Muitas, muitas. Todas lindas, viçosas. Não havia dúvida. Provando que o amor ultrapassa a barreira entre a vida e a morte, ali estava a cena do capítulo final. Se coincidência ou não, pouco importa. Ela conseguira enviar-me a última mensagem de seu amor infinito...
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