OS AMANTES
Maria Hilda de J. Alão.
Ele
Ora, não vás saindo à francesa.
Odeio as tuas nádegas redondas,
Tens-te como rainha da beleza,
Desejo-te comida por mil anacondas.
Ela
Metido! Orgulhoso dessa tua estatura,
Pareces um tronco desfolhado no inverno
À espera que um lenhador de má catadura
Decepe o teu “orgulho”, mandando-o ao inferno.
Ele
Pára de falar, ó gralha arrogante,
O “orgulho” sempre esteve sob a tua saia
Rígido, e tu de forma extravagante,
Fazias dele pingente no decote tomara-que-caia.
Ela
Isso porque esperava que ele fosse açoite,
Que me vergastasse a pele branca...
Coitado! Mal entrava na caverna à noite
Adormecia, eu digo isso de maneira franca.
Ele
Pudesse eu te algemar pelo pulso,
Ó geleira vinda de terras estranhas,
Levar-te-ia aos confins num impulso
Para o sol derreter tuas entranhas.
Ela
Num mar de inveja nadas e bóias...
Da força do teu despeito eu fico pasma,
Tuas palavras são o silvo de mil de jibóias,
Dessa masculinidade não vejo nem o fantasma.
Ele
A esta tua opinião a outra não adere,
Pergunta-lhe como sou nos lençóis mornos
Da cama onde à noite ela me fere
Com a língua no meu corpo todos os contornos.
Ela
Eu sabia que não eras nenhum monge,
E que sempre dormias no sul e no norte,
Mas o que não advinhas nem de longe
É que corno serás até a morte...
Ele
Nossa discussão já se estendeu demais.
Vem! Quero te dar um abraço gostoso.
As palavras só me excitam mais.
Vem! Sinto o meu “orgulho” nervoso.
Ela
Então, aquece com as mãos meus seios frios,
Aperta-me com a força dos teus braços
Porque no fim do ventre eu sinto calafrios
Só de pensar nos movimentos lassos
Do teu “orgulho” longo e potente,
Explorando a minha concha submissa
Como intruso que entra sorrateiramente
Numa capela proibida para ouvir missa.
Ele
Abre-te para mim como luz na neblina,
Este teu perfume suave me entontece,
Meu “orgulho” espera, da dama, a boca fina,
Para guiá-lo no mar do prazer, pois anoitece.
16/03/07. |