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Contos-->Conto mistério -- 10/08/2020 - 22:31 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

 

 

E se uma fosse outro...?



Fui rever o bom amigo V, de longa data que havia reencontrado após décadas de nosso afastamento. Homem duma afabilidade incrível, tanto na discussão de temas controversos de nossa vida política, quanto numa rodada de cerveja, com picanha suculenta e anedotário desbordante depois de uma partida de futebol-society, maiormente para seniors, como nosotros.

V morava ali a duas léguas e meia da cidade, só um trechinho de terra batida, e bem patrolado por sinal. Vinte minutos na maciota. Desta vez, a quarta ou quinta que nos re-encontramos, nem zapeei antes para combinar.

V tem profunda crença religiosa da qual nunca se afastou, embora não frequente igreja regularmente. Tampouco faz proselitismo. Convive com todo o arco, dos crentes fervorosos a ateus raivosos. Ou vice-versa. Acho até que se tivesse entrado para um seminário teria seguido carreira eclesiástica, com reais chances de um episcopado, e mais além, quiçá, do barrete cardinalício, eleitor de papas...

Mas quem lá foi, fui eu, que não resisti a mais do que dois anos, e saí ainda com a pecha da síndrome de Capitu, oblíquo e dissimulado...lendo José Lins do Rêgo, às escondidas...pois já trazia, se não do ateísmo, as sementes do atoísmo...boas para germinarem em outras pastagens.

E V. tornou-se profissional bem sucedido, viajado, internacional, além de, naturalmente ter constituído família, reputação, respeitabilidade e admiração da sociedade, criado filhos, se descasar, e acompanhar, interessado e participativo, além dos cuidados com os maiores e coetâneos, a evolução dos netos nas escolas e profissões. E o convívio dos amigos.

Minha chegada assim de supetão ao seu belo e organizado refúgio rural,
com o sol a pino já encontra o portão aberto, para minha surpresa... e para a dele, ao sair da casa...

Os cumprimentos amistosos são no entanto mais breves do que o usual.
V me confidencia, a sotto-voce, estar hospedando uma amiga...e percebo logo o desconforto com a minha intrusão... e me retiro, contando uma anedotazinha curta para tentar desfazer algum constrangimento e nos rimos ambos com uma despedida cordial e a promessa de um re-encontro para breve, a combinar...

Penitencio-me achando até leve pena o poeirão do trecho de terra mas... me pergunto em meio ao sacolejar do automóvel...; e se ela fosse ele...?

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