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Cronicas-->ÊÊÊ, CARNAVAL! -- 26/02/2001 - 11:30 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


É, não tem jeito. Como acontece todo ano, chegou o carnaval por aqui de novo. E, como todo ano, somos obrigados a aguentar as reportagens idiotas da TV Modelo (Globo local) sobre o concurso do Rei Momo de Bauru, e de todo aquele pessoal gastando um tempo lascado colando lantejoulas, penas, papelão e bolinhas de papel crepom uns nos outros. Parece coisa de jardim da infància. E todo santo dia! E aquela mulata Globeleza, que parece sambar por computador?! Se existisse uma Norma Técnica do Samba (NTS), ela seria o padrão. O ISO9002 do Samba. E aquele cara, o chamado "destaque"? Aquele que fica vestido de pavão, que mal consegue se mexer? Acho que ele fica pensando "estou vestido de pavão, numa plataforma que não para de balançar, provavelmente colada com cuspe, maquiado até o dedão do pé e mal consigo me mexer... que delícia que é carnaval!"?
Desde criança odeio carnaval. Claro que passei por uma época que achava o máximo ficar rodando no salão levantando os indicadores alternadamente, bebendo litros e litros de álcool, ao som das velhas marchinhas... E não me arrependo das insanidades que aprontei, na companhia de meus irmãos camaradas de bebedeira. A não ser, talvez, daquela vez que... hummm, bom, deixa pra lá... Mas tudo tem o seu tempo, e hoje me considero mais perto do moleque que odiava ser arrastado pro salão do Tênis no meio da tarde e que preferia estar jogando bola do que do pós-adolescente que não tem coragem de assumir que Milk Shake de chocolate é muito mais gostoso que cerveja.
Como antigamente, eu sinto que o carnaval não é o que parece. Dizem que é uma festa popular e democrática. Popular, pode até ser, dependendo dos custos envolvidos numa noitada. Mas democrática, nunca. Porque quando chega o carnaval, uma espécie de ditadura da alegria parece tomar conta das pessoas. Você tem que se divertir, você deve se divertir, pois é carnaval! O que é pior é que o conceito de diversão no carnaval é aquilo lá, beber, beber e ficar ouvindo músicas iguais o dia inteiro. "Aproveitar", "extravasar", são palavras comuns nessa época. Mas quem prefere aproveitar o feriado pra fazer outras coisas, como comer, dormir, ler ou brincar no micro, não é bem visto pela sociedade.
Vejam bem as duas situações seguintes:
- Noossa, cara, eu extravasei, tomei 43 latas de Skol... tó aproveitando!!
Esse sujeito é visto com complacência pela sociedade, é até o médico ri quando receita uma glicose na veia para ele. Mas veja agora essa outra situação:
- Noossa, cara, eu extravasei, comi 5 bombas de chocolate, 23 brigadeiros e 3 coca-colas de 2 litros, depois joguei Doom em rede por 15 horas seguidas... tó aproveitando!!
Esse outro, porém, é visto como um glutão vagabundo, portanto condenado pela sociedade a receber comentários maldosos pelas costas, do tipo "aquele ali é uma draga", ou "Ih, cara, vamos embora que chegou aquele nerd...". Incompreendidos, eles não têm outra alternativa senão comprar um saco de 2kg de Sonho de Valsa, alguns Agatha Christies e se retirarem para seus quartos, junto de seus amigos PCs e Playstations.
Pra ajudar, acredito que o nível das músicas atingiu seu ponto mais baixo com músicas funk, do tipo "Dança da Motinho" (uma das piores coisas que já ouvi na minha breve existência) e aquela "quer dançar, quer dançar, o tigrão vai te ensinar". Todas as músicas ficam ensinando uma dancinha ridícula, que somente quem está altamente embriagado não tem vergonha de reproduzir. Dança da manivela, dança do carrinho de mão... o cara faz uma dança de qualquer objeto. Pode fazer a dança do grampeador, dança do azulejo, dança do chifre do bode...
Hoje todo mundo dança igual, fala igual, gosta das mesmas porcarias, numa massificação do mau gosto e da imbecilidade que parece não ter fim. Como macacos e papagaios, repetimos indefinidamente o que vimos e ouvimos na TV, deixando de lado a originalidade e a criatividade. Ou seja, estamos perdendo toda nossa individualidade!
Bom, talvez no fundo eu é que esteja ficando velho e (mais) ranzinza. Mas por favor, se eu estiver por perto, eu lhe peço encarecidamente: abaixe um pouco o volume, porque acho que sou ruim da cabeça ou doente do pé...
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