O GLOBO
Golpe de 1964 não entra nas cartilhas de História
Livros didáticos são editados pelo Exército; escola, no entanto, já tem aulas até de balé
BRASíLIA. Falar do golpe de 1964 é um tabu nos colégios militares. Nas turmas de ensino fundamental, os livros didáticos de geografia e História são editados pelo próprio Exército. No médio, as escolas usam os disponíveis no mercado.
Em Brasília, o coordenador de História no 7º ano do ensino fundamental, tenente Gustavo Porto, diz que há um esforço pela neutralidade:
- Nem revolução, nem golpe, chamamos de movimento. A gente não está aqui para defender a ideologia de ninguém, só ensinar história.
O diretor de Ensino Preparatório e Assistencial do Departamento de Ensino e Pesquisa do Exército, general de divisão Marco António de Farias, afirma que essa é a orientação:
- Buscamos sempre o enfoque histórico do fato, sem qualquer tipo de exploração ou proselitismo político.
O coronel reformado Luiz Alberto Pizarro, que leciona no 1º ano do ensino médio, conta que há alunos com medo de fazer perguntas. Outros repetem opiniões que ouviram dos pais, contrárias à s Forças Armadas.
- Com certeza é um pai que teve algum prejuízo com a revolução de 1964 - diz Pizarro.
Mas nem tudo é rigor na rede militar. A escola em Brasília edita um livro com poesias dos alunos. E o tema é livre. Vale até falar do primeiro beijo.
Em 1989, os colégios passaram a matricular meninas, após um século de existência. O machismo começa a ser quebrado: em Brasília, são oferecidas aulas de balé. Dos 150 alunos, dez são homens. O estudante de ensino médio Pedro Haluch Pino, de 16 anos, é um deles:
- Tem quem faça brincadeiras, tem gente com preconceito. Já me acostumei, os professores dão força - diz Pedro.
O diretor do colégio, coronel Wagner Oliveira Gonçalves, acompanhou o grupo de dançarinos este ano a um festival em Joinville. Ele diz que o ensino militar busca desenvolver os "atributos da vida afetiva".
Obs.: Enquanto o Exército deixa de ensinar o que houve, a esquerda se aproveita da covardia idiota dos militares sebentos para ensinar o que não houve (F. Maier).
|