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Cronicas-->O ovo de codorna -- 11/11/2008 - 18:13 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
0 ovo de codorna

O pátio da escola estava cheio. De repente dois alunos se desentendem e começa uma discussão. Antes que partam para a via dos fatos, um deles enfia a mão num bolso do jaleco e retira alguma coisa. Os presentes se afastam. A idéia de uma arma não é descartada. O suspense é geral. Mas da mão do garoto brilha um pequeno objeto esférico, malhado, que é levado para o alto com o braço estendido, como se fora um troféu.

- Está vendo este ovo de codorna? Diz raivoso o garoto.

Abaixa o braço, curva o corpo e põe o ovo no chão.

- Você é isto aí. E esmaga o ovo de codorna com a sola do sapato.

O jovem humilhado não reagiu. Na verdade nunca reage. Só não distribui medalhas, presta continência para terrorista, come as sobras de banquete, é mal remunerado, e bajula os poderosos, como o personagem central desta história, cuja saga começa a ser contada com este episódio.

O nosso vilão de tanto baixar a cabeça, passou a mostrar o traseiro. E como bom moço, ordeiro, incapaz de dar uma demonstração de insatisfação; bajula o seu algoz, numa franca demonstração de estar sofrendo da Síndrome de Estocolmo, uma manifestação patológica do indivíduo que passa por um longo período de castração de vontade, perda de liberdade, humilhação e outras formas de opressão psicológica. Chega a um ponto que assimila as maldades do seu opressor e começa a agir como se fosse um aliado. Neste ponto transcrevo parte de um texto escrito pelo jornalista Olavo de Carvalho: "O homem comum, fardado ou não, cede à onipresença hipnótica dos contravalores que antes desprezava, em nome de valores dos quais já não se lembra. Tudo o que muitos oficiais das nossas Forças Armadas estão esperando é um pretexto patriótico para a adesão final." Querendo afirmar que os militares não se oporiam a uma nova reeleição do presidente Lula, iniciando um período longo de governo, onde seria anulada a alternància do poder, normal num regime democrático. A república do proletariado seria finalmente implantada no país sem o derramamento de uma gota de sangue.

Antes tínhamos o Ministério da Guerra, que se transformou em Ministério do Exército, para finalmente chegar a um Comando do Exército, subordinado a um Ministério da Defesa, comandado por um civil. O salário foi sendo aviltado e hoje um comandante de uma Força, recebe menos do que um Secretário Especial da Presidência da República. Igual a algumas categorias como as relacionadas abaixo. Do quadro vê-se que o Comandante do Exército é comparado, por exemplo, a um Secretário-Geral de Consultoria.

- Secretários Especiais da Presidência da República: 10.748,43

- Comandante da Marinha: 10.684,00

- Comandante do Exército: 10.684,00

- Comandante da Aeronáutica: 10.684,00

- Secretário-Geral de Contencioso: 10.684,00

- Secretário-Geral de Consultoria: 10.684,00

- Demais cargos de natureza especial da estrutura da Presidência da República e dos Ministérios: 10.684,00.

Se não bastasse a perda de status de Ministérios, os Comandos das FFAA receberam ordem para desocupar os imóveis da Esplanada dos Ministérios. Os Comandos do Exército, Marinha e Força Aerea Brasileira, ocuparão áreas a suas escolhas, mas longe do centro de decisões da República. Sobre este assunto escrevi uma materia anteriormente. Veja parte do texto:

"Esta de despejarem os Comandos Militares dos próprios nacionais instalados na Esplanada dos Ministérios é uma ofensa inominável às FFAA. Não se trata simplesmente de deixar um imóvel e ocupar um espaço em outro local. A alta direção da instituição militar sempre ocupou espaço nesta área. O fato das FFAA terem perdido o status de Ministérios, não lhes tiram a sua importància no cenário nacional. O poder militar é fator de segurança territorial e garantia das instituições nacionais. E assim haverá de ser através dos tempos.

Afastá-las do núcleo dos Ministérios é desprestigiá-las, demonstrando em outras palavras a intenção de excluí-las definitivamente da aproximação do poder. Não fazer parte das decisões e nem gozar do respeito dos altos escalões do governo. Querem impor uma nova ordem para as FFAA. Elas deverão se comportar como organizações submissas aos caprichos dos governantes de plantão. Servirem ao governo; e não ao Estado. Retiram-se as FFAA de suas tradicionais instalações para colocar no lugar ministérios criados para abrigar companheiros de partidos do governo. Ministérios vazios de conteúdo, de caráter puramente fisiológico."

Sem poder de decisão, submetidas à orientação de um civil, que não teve nenhuma formação militar, alguns como o atual ministro Nelson Jobim, que ao menos fez o serviço militar obrigatório, as FFAA estão sendo desestruturadas, com a perspectiva de passarem para um novo formato, concebido pela idéia de um único homem, que assessora o ministro, que pensa e age como se fora um especialista na área. O professor Roberto Mangabeira Unger à frente do Ministério da Secretaria de Assuntos de Longo Prazo (Sealopra), joga sobre a mesa um punhado de soldadinhos de chumbo e mostra o seu conceito de guerra moderna, com a aquisição de novos equipamentos desenvolvidos em parceria com os centros de pesquisa e a indústria nacional, valorização do homem, com salários compatíveis com o novo emprego das Forças, etc. O sonho parece ser real, mas os atuais salários estão ameaçados de serem congelados. As parcelas agendadas para 2009 e 2010 correm o risco de não mais serem pagas, em função do agravamento da crise financeira que já afeta a economia brasileira. E o pior da expectativa: o governo está sempre divulgando grandes projetos, que depois têm as verbas contingenciadas em mais de 70 %, e a parte que resta sendo paga em parcelas mínimas, que no final do ano não ultrapassa os 10 % do programado.

Não fica no sucateamento do material bélico, e nem no tratamento aviltante dos salários, os menores da carreira de Estado. Uma frente de ataques e agressões gratuitas são desferidas contra a instituição militar. Um revanchismo extemporàneo é orquestrado a partir de dentro do próprio governo, contra os militares que se envolveram na guerra de combate aos terroristas que se insurgiram contra o regime militar. Os remanescentes da luta armada querem a cabeça dos militares a qualquer preço. A sede de sangue é insaciável. Os ataques contra as FFAA são orquestrados com a criação de eventos, inaugurando-se centros de `memória contra a ditadura´, caravanas em que se festejam a entrega de indenizações pagas a ex-terroristas, tratados como heróis nacionais, `vítimas´ da violência praticada por torturadores militares. Pretende-se mudar as regras da Lei da Anistia, com o propósito de criminalizar só um dos lados dos que participaram da guerra suja. Para essa gente os terroristas não foram terroristas. Os seus companheiros de luta contra o regime militar "tinham o direito de lutar em defesa da liberdade. São, portanto, democratas, e não terroristas." (José Dirceu). O STF terá uma decisão histórica: "O Brasil vai ficar em paz com sua história ao reconhecer que aqui, como nos demais países, torturador não tem vez". (Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, Cezar Britto).

Diante dessa enxurrada de agressões, não levanta uma voz em defesa das FFAA brasileiras. Ouvem-se sussurros passados em off para a imprensa, como o fez pela primeira vez, o comandante do Exército, Enzo Peri: "A anistia veio com um acordo político feito à época (1979). É o que está aí. Ela proporcionou paz e harmonia à sociedade e produziu seus efeitos. Temos de olhar para a frente." A fala do ministro da Defesa que ocorreu nesta mesma ocasião, quando do lançamento da Frente Parlamentar da Defesa Nacional, em Brasília, não se leva em conta, porquanto ele é medalha de duas faces, não se sabe se está do lado das FFAA, ou contrário a elas.

Os ataques contra as FFAA ultrapassam todos os níveis de tolerància. Se não houver uma voz ativa, que soe pelos quatros cantos da nação, calando a boca desses detratores, nos transformaremos no ovo de codorna da escola municipal. Seremos jogados no chão e pisados como vermes imundos.


José Geraldo Pimentel
Cap Ref EB

Rio de Janeiro, 8 de novembro de 2008.

http://www.jgpimentel.com.br



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