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cronicas-->As cavernas -- 15/11/2008 - 12:53 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As cavernas



Então, meus queridos amigos, aquela fofurinha, que brincava e corria, se alegrava até quando chovia, viu-se, assim de repente, acometida pelo que os doutores médicos disseram ser uma afecção nos pulmões, apresentando até cavernas, vê se pode isso!
Umas ulcerações malignas, cujas causas seriam atribuídas ao cigarro, foram constatadas, logo no início, quando o anjinho, mostrava-se com falta de ar. Mas me deu uma pena, que só vendo.
A mãe do nenê, quando estava no consultório, disse para o médico:
- Mas doutor, é só uma criança. Ela não fuma. Como é que pode?
Então para o espanto da mamãe o doutor pediatra informou, assim sem cerimónia, que se tivesse alguém tabagista no ambiente, onde vivia a criaturinha, poria-a em perigo de morte, por causa da fumaça.
A mãe chorava e dizia:
- E foi para o céu, o meu Eliel.
Eu fiquei muito comovida com a dor e o pranto da mãe que era moça ainda, e "não sabia da missa a metade". Aquela pobre mãe teria de prosseguir o resto da vida carregando na consciência, o sofrimento que lhe causara a partida sofrida do bebê.
A mãe chorava e dizia:
- E foi, e foi para o céu, o meu Eliel.
Eu tentava consolá-la, mas parece que não havia jeito. Ela sofria tanto, mas tanto, que minhas palavras foram insuficientes para minimizar aquele amargor.
Então pudemos lembrar, logo depois do enterro, ser quase impossivel a tentativa de tratamento, caso houvesse chance de cura. Eram pessoas pobres, e não poderiam ser atendidas como se ricas fossem. Afinal, quem pagaria as despesas?
A mãe tristonha recordava ter ido a neném, assim como veio ao mundo: com frio e roxa. A enlutada chorava, debulhando-se em lágrimas, na minha frente:
- Para o céu foi o Eliel. Ai, o Eliel foi para o céu! O médico disse que foi por causa das cavernas. Ai, o Eliel, foi para o céu! Malditas cavernas. Eu falei pro marrequeiro que parasse com o cigarro. Que não fumasse dentro de casa, depois que ela estivesse fechada e todos dormindo. Olha ai no que deu. Foi para o céu o Eliel.
Eu notei que a mãe não teria coragem de extinguir a vida do filho, por causa da pobreza. Que a miséria não seria motivo para maldade, para loucura. Mas por causa da fumaça dos cigarros do concubino, falecera o pobre Eliel, indo direto para o céu.


Neide Rocha.
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