"Não existe uma escolha entre inflação e desemprego pela mesma razão que não se pode escolher entre comer demais e ter indigestão" (F.A. Hayek)
"Imprimir ordem na desordem consiste, precisamente, na realização adequada do Bem, que é medida suprema de todas as coisas" (Giovanni Reale)
O ATAQUE DOS CORVOS
Ubiratan Iorio (*)
17/11/2008
Com a crise, eles estão de volta, mais audaciosos do que nunca. Dormitavam há décadas, recolhidos nas longínquas montanhas do esquecimento provocado pelo fracasso de suas idéias em todo o mundo, mas agora tentam alçar vóo e põem-se a crocitar: "os mercados não funcionam, o neoliberalismo do Consenso de Washington arruinou-se, os governos precisam intervir, os bancos centrais devem inundar as economias de crédito a juros artificialmente baixos, os gastos do governo devem aumentar para "socorrer" setores em dificuldades, a regulação precisa ser (ainda) mais forte" e outras tolices, sandices, keynesianices e manifestações de esquerdopatia crónica.
Seu grasnido áspero e desagradável, evidentemente, encontra eco na mídia esquerdista que domina os meios de comunicação mundiais e em ONGs inimigas da economia de mercado, como a ONU, o FMI (quem diria?), o Banco Mundial, as universidades e academias. Um exemplo evidente é a recente concessão do Nobel de Economia a Paul Krugman, um sujeito que escreveu um livro-texto de Economia Internacional que obteve muito sucesso dentro dos padrões keynesianos convencionais, mas que, a partir de então, se transformou em um mero ativista político de esquerda, um liberal na acepção norte-americana, algo como um Harlem Globetrotter da economia.
Com platéia garantida, o homem anda assanhado que só ele: recentemente, propós aumentos nos gastos públicos como forma de "resolver" a crise, ignorando completamente que uma das causas do problema é exatamente o alto déficit do governo dos Estados Unidos, ao lado do regime monetário expansionista que Paul Volcker adotou no passado.
No Brasil, o corvejamento pode ser ouvido em todos os cantos, especialmente na Unicamp, no BNDES, no agora petetizado IPEA e em pronunciamentos de assessores diretos do presidente do país e de acólitos do ministro da Fazenda, além, evidentemente, de poder ser continuamente escutado, assistido e lido na quase totalidade dos comentários feitos no rádio, na TV e nos jornais por miríades de pretensos doutos, todos passeriformes da família corvídea, que conta, entre outros exemplares, com economistas, sociólogos, cientistas políticos, filósofos, políticos, escritores, ativistas de todos os matizes e jornalistas.
Como escreveu Nivaldo Cordeiro - um dos poucos economistas brasileiros que se recusam a aceitar o estatismo dominante - em seu blog, "há um consenso entre eles de que, para a humanidade se livrar da crise gerada pelo ogro estatal, é preciso alimentá-lo mais e mais, a ponto de transformá-lo no Tiranossauro Rex do pesadelo de todos os homens livres".
De minha parte, vou continuar dizendo a verdade, não porque me julgue o seu dono, mas porque exerci minha condição humana e aprendi com a História, coisa que os corvos se recusam terminantemente a fazer, embora usem uma "história" bastante peculiar, que só eles enxergam, como um pretenso argumento.
No que diz respeito aos economistas, o perigo não está em Lord Keynes - que confessou a Hayek, poucos meses antes de falecer, não acreditar mais nas idéias que defendeu na Teoria Geral -, mas nos keynesianos, que insistem em ser mais realistas do que seu próprio "rei".
Se o keynesianismo da Teoria Geral foi um erro (segundo o próprio Keynes), o que dizer do neokeynesianismo, do pós-keynesianismo e do novo keynesianismo, a não ser que são a insistência, a persistência e a renitência no erro?
Gente, o que o mundo está precisando é de menos Estado! Permitir que a cegueira ideológica sobreponha-se aos fatos históricos, sinceramente, é demonstração de parvoíce!
(*) Ubiratan Iorio é professor de Economia da UERJ.