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cronicas-->Normal -- 25/11/2008 - 14:51 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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Pery Kitto entrou no boteco, naquela manhã de segunda-feira, mais ou menos às 11:30. Ele tomaria os aperitivos costumeiros, precedentes do almoço. O local estava às moscas, então para aproveitar a calmaria, após a primeira pinga, pediu uma cerveja. O barman depois de servi-lo voltou-se para a pia onde iniciou a lavação de alguns copos. Do rádio postado na prateleira, acima da pia, ouvia-se o locutor que prelecionava:
- Ta vendo? Que coisa mais feia fazer isso! Onde já se viu pixar o carro dos outros dessa forma? Que atitude de maluco, de insensato, de quem não tem outra coisa na cabeça que não seja, digamos... Merda. Onde está a educação que você recebeu na escola? Onde está a educação que teus pais te deram? E essa boca fedida, sem dentes. Quando é que vai consertar isso tudo? Você não se sente envergonhado de fazer isso? E seus filhos, os netos, o que dirão? Não percebe que esse seu chinelo de couro está sujo, surrado, mal cheiroso? Será que você não tem a capacidade para compreender que não é assim que se faz as coisas, que "não é assim que a banda toca" ? Olhe para o seu cabelo. Que coisa mais ridícula! Será que a idade que vem chegando, não é suficiente para indicar-lhe que você não aprendeu nada, em termos de educação higiene e boas maneiras, para viver em comunidade? Podemos mesmo ter a certeza de que você não tem a mínima instrução, bom senso e saúde mental, para promover a paz no local onde mora? Você é louco?
Kitto bastante desconfiado, ouvia atento as palavras que vibravam no aparelho. Ele olhou para o barman e notou que o homem parecia estar em outro lugar, tal o aspecto de alheamento que aparentava. Prosseguindo com o sermão o locutor perorava:
- Você não se sentiu nem um pouco envergonhado, ou arrependido de ter, igual a um vira-lata atacado, no meio do asfalto, a menina de olhos azuis e cabelos louros? Mas pode uma coisa dessas? Não te vexa ser olhado na rua e saber que as pessoas viram você fazer aquela coisa de maluco, de doido varrido? Cremos que você "não bate bem".
As palavras potencializavam de tal forma o efeito embriagante da bebida, tornando tão intenso o envolvimento de Kitto que, àquela altura, ele se esqueceu de almoçar, tendo pedido outra garrafa de cerveja. E do rádio vinha mais conversa:
- Seu velho insano: podemos ter certeza de que você, controlando essa sua malucagen, não mais cometerá esses crimes que cometeu? Tem certeza que não agredirá da mesma ou de outra forma, as pessoas que atingiu? Tem certeza que poderá usar sapatos no lugar desses chinelos de maluco? Aliás, aqui no bairro ninguém nunca te viu usando sapatos ou tênis. Há algum preconceito, alguma espécie de bloqueio ou trauma com relação a isso?
Considerando o desconforto que lhe causava ouvir aquelas palavras, Kitto resolveu terminar por ali mesmo a aventura etílica do dia. Pedindo então ao barman que lhe marcasse na conta a despesa do dia, saiu cambaleante, esperançoso de encontrar ainda a mesa posta para o almoço.



Fernando Zocca.
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