Seu Horácio cidadão de tamanha reputação na cidade de Horizonte, sua casa vivia cheia. Na calçada toda noite era uma festa. Aquele adjunto a procura de conselhos. Até o vigário da freguesia, muitas vezes eu vi por lá. Dizia que o Delegado antes de trancafiar alguém primeiro ouvia seu Horácio.
Edmundo pai de cinco filhas, sogro de cinco genros. Suas filhas, muiezinhas prenhadeiras logo lhe deram dez netos, cada uma pariu dois barrigudinhos pra não ser diferentes. O patriarca de toda essa prole procura seu Horácio para um desabafo.
Cumpade, você me conhece há muito tempo sabe que sou trabalhador e cumpridor do meu dever. Acordo cedo e durmo tarde procurando ganhar os trocados para fazer frente ao pão de cada dia. Mas tudo que ganho é pouco. Entre filhas, netos, genros, a patroa e eu é um monte de bocas. Vinte e duas bocas pra comer e bebe e só dois braços para trabalhar. E cumpade se souber não me esconda, diga logo. Quem são os cinco cabras pior de nossa terra?
Cumpade Edmundo isso eu não sei. Mesmo que soube não diria, não é do meu feitio apontar defeitos dos outros. Também não ganharia nada com isso. E como é do seu interesse e tenho certeza que o cumpade trazia a resposta da pergunta, me diga agora quem são esses cinco cabras ruins do Horizonte.
Ora cumpade Horácio, até parece que o homem advinha: Os cinco cabras piores de nosso lugar são aqueles, que minhas filhas escolheram para maridos. Os cabras comem do bom e do melhor, só bebem café fresco e água gelada, andam tão arrumadinhos que parecem almofadinhas. Agora na hora de contribuir com as despesas dizem que seu bolso tá furado.
