ODE MORENA A CAMPO GRANDE
Campo Grande, não tive tempo
de lhe ver toda, toda. De desnudar
seus véus, desvendar seus jovens
nem descobrir seus mistérios.
Cidade nova, bonita que, às vezes,
me lembra a Bahia com tantas comidas,
hospitalidade das boas casas,
cores infinitas e bem familiares.
Beijo gostoso da morena
pura que eu um dia conheci menina
na beira de um rio distante e hoje,
mais linda, me abriga como mulher.
O Brasil se embrenha pro mato
e pro cerrado. Quanto mais se descobre,
se encobre e é preciso andar, andar
para tudo em volta encontrar.
É lá por cima da serra cercada
de água, de céu. Coberta de vento,
de nuvem. Longe da areia do mar,
ou do folclore lendário dos colonizadores.
Tira desta terra o sal de toda alma.
Diz logo pro mundo que é o amor que acalma.
Chora de saudade por dentro da cidade.
Fala para os cegos o que é felicidade.
Perca na paisagem metade desta vida.
Grita para todos que o futuro é aqui.
Mostra suas riquezas, suas matas virgens
e seu sol ardente da cor do caqui.
Grande campo, campo tão imenso
que num dia azul fez renascer em mim
palavras esquecidas, mortas, maltratadas
cheias de mofos e poeira sem fim.
Campo, Campo Grande que virou cidade.
Campo de beleza e de felicidade.
Campo de cultura, intelectualidade.
Campo de visão de uma eternidade.
© Fernando Tanajura Menezes
(1943 - )
(in Dos beijos - Editora Blocos Maricá/RJ - 1999)
http://tanajura.cjb.net
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