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Erotico-->Contos e crônicas de Madellon -- 10/03/2002 - 09:18 (Maria Dalva Junqueira Guimarães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Siderais


“... Enchi tua bola
de confetes e serpentinas.
Fui tua louca Colombina.
(...) Dancei, dancei,
desfilei meus atrativos,
tentei embriagar-te,
fiquei bêbada de ti”.
LÚCIA NOBRE
Labaredas peloscorpos madellon

"... Esse corpo
Essa fornalha
Essa fogueira
Esse fogo
Esse forno
Essa caldeira..."
Prenhe de poesia..
VERA MAYA
A fêmea
D
esvestidas a saia e a blusa. De quimono vermelho, diante do espelho, deteve-se imóvel, contemplando sua imagem, “rosto no espelho, fantasmas da casa”, rosto marcado por cicatrizes do tempo. “Atrás do espelho, o rosto, na música de fundo”, as rugas na face, hera que se espalha e se entrelaça no aconchego das eras – um rosto.
Sorriu aliciante. Os lábios, num cegar balbuciante, como se rezando. O coração sofrido, como que a esconder qualquer coisa escondida, vinha, fosse o que fosse, revelar escondendo, e, escondendo, revelar mitos e segredos guardados nas vol-tas dos fios, no labirinto daquele ser – “luz além do tempo”– , luz que se entrelaça à sombra-escuridão, abrindo os olhos da alma. Aqueles olhos morrendo no mistério.
Um rosto estacionado no tempo. E outros olhos o descobriram sempre, o anali-saram dentro de outro tempo. E choraram de nostalgia. Esses olhos que se enfeitiçaram moram no longínquo dos dias. Olhos que pulam pelo corpo do homem na imagem re-fletida no espelho. Entre os limites da realidade e da ficção.
Agora nada mais que uma fixação no passado. Ali, de cócoras, frente ao espe-lho do tempo, cochichando saudade – “poliedros de sonhos em visão de prismas (...) lacaio de libré sustém o cavalo fogoso, voltas em prismas, voando na aventura do de-sejo”. Caminha por outros trilhos e trilhas pisados pelos mitos de Vênus ou de Afro-dite, que fluem para o infinito, os mitos e os segredos atávicos que se fecham na rede de símbolos e anzóis, por detrás do espelho, chaves e cadeados.; e se cruzam nas pa-redes do túnel, como que a sair do “útero-labirinto”.
Muitos, pisando seus rumos – cada um abrindo suas próprias fendas – e ru-mos diferenciados.
No rosto, uma gota de sal, amarga, rola pela face da fêmea no cio.

Maria Daalva (Madellon)


" Mortas euforias
rascunham a volúpia
na memória."
LÍLIA A. PEREIRA
Volúpia
I
ntroduzindo a hélice no corpo branco de nuvens espessas e úmidas, a aeronave, com volúpia, ia penetrando o espaço.
Transcendendo a terra, apertados num pequeno cubo de céu, cada qual perseguindo o outro, alguns perdendo posição e mergulhando cegamente atrás dos flocos, cores do arco-íris brilhando à luz do sol, o ronco alto do motor vindo por trás, enquanto a nave mergulha às cegas, rastros de fumaça e o cheiro espesso de pólvora ao vento, misturado ao odor de carne.
Os tripulantes, em missão perigosa, já tinham umas mil horas de vôo, sozinhos e, enquanto voavam, entreolhavam-se, olhando ora um, ora outro pela ja-nela dos corpos. Lá em baixo o solo ritmado de cópula. Aconteceu de novo, o êxtase mergulhando os corpos próximos, distanciados. Aquela vertigem de orgasmo.

Não falavam. Entreolhares e corpos se tocavam. Vinha aquele arrepio. Não faltavam dois minutos para o que não estava previsto acontecer. A erupção do vulcão corporal. Uma “fuselagem”, uma espécie de gaiola feita de tubos de aço e lâminas de alumínio invade os corpos, toma conta de tudo. Ele, já não mais o homem sensato e prático – um cavalo indomável. Forças espaciais agindo sobre eles, forças que na terra não há?.. Sustentação-peso-repuxo-resistência. Centros de pressão, energia necessária definir a sensação de dois corpos jovens excitados. É melhor x energia disponível, que a resistência aumenta na razão do quadrado do ar.
Não há frase, não há palavra que possa fazer um buraco e procurar sobreviver à tempestade de fogo.; é melhor deixar a nave despedaçar-se ao vento em metamorfo-se de pássaro de fogo em pele e travesseiro.
É melhor fazer qualquer coisa a tentar ultrapassar um obstáculo que é huma-namente impossível de ultrapassar – a masturbação espacial – a volúpia, uma viagem orgástica.

XXXXXXXXXXXXXXXXX

Girassóis de amianto
"...Garças em vôo(...)
agora repousam
em poemas que descasco
no papel.
Excedem:
girassóis quando dormem
não perdem a luz."
UBIRAJARA GALLI

O
amante retoma a imagem da mulher-flor tão cara e fecunda, de inesgotável sensualidade. Porta-voz de Eros, o desejo a todo instante se instala e se desloca transmudado em “pássaro-viageiro”, corda que vibra, corcel, raio e punhal. A penetração-profundidade – luz em círculos ilumina escuros, revelando enxame de sóis e pétalas. E eis, então, que a mulher, impulsionada pela latência e espera, e o homem, com o gesto que emite aquele que se apossa, a sensação de posse, e vem com os passos de animal ferido nas vísceras, nos nervos e avança nos lábios de maçã suave, em fúria que desfecha golpes.; ou aquele que conhece prazeres, espécie de Prometeu acorrentado, de Sísifo que continuamente se debate com a “pedra” da paixão esfomeada do desejo nas suas múltiplas formas e engole Pandora.
Num marcante traço erótico, a cópula se anuncia e toma forma de pétala engra-vidada pelo pingo morno que lhe afoga o ventre e se faz “liberto, líquido, livre”, ao acender-se a chama do amor pelos dedos da companheira, que lampejam na noite fria. Dá-se a abertura do ciclo amoroso que deflui.; há o desdobramento final do ci-clo que evolui ao longo do percurso.; o amor justificado na cumplicidade da penumbra do quarto, para além de Cronos, a viagem de Eros, num efeito rítmico-sonoro dos can-cioneiros do amor.
Uma viagem lírica de sensibilidade e sensualidade penetra a fêmea man-samente, à maneira do amor-paixão e desejo furtacolorindo a polpa, um pingo morno afoga o ventre no betume, gotagoteja a têmpera de cera. Forte âmbar vem do colo cor-roído, o esmalte vivo do lábio crespo. O orgasmo se avizinha, mergulham na pátina cromada daquele sol de mercúrio sob a mira de um olho verde e macio como um pês-sego vestido de ternura que mora em seus corpos.
O corcel da glória cavalga madrugadas frias, mas rápidos e bravios os sais e ácidos do busto e a frágil lassidão dos corpos. São passarinhos possuídos pelo sol, adormecidos na relva.
No negro asfalto do ventre, um girassol de amianto se contorcendo na noite calada.

.; Personificado, Eros é o deus do amor. Eros, de outro lado, traduz ainda a complexium, a união dos opostos. O amor é a pulsão fundamental do ser, a libido.


Labaredas peloscorpos madellon

Êxtase
"... em gotas de esperança
degustei-lhe o corpo
em minha ilha-cigana
E fomos dois arco-íris
entrelaçados..."
LÍLIA A. PEREIRA
E
ros capturado em todos os seus poros e latências, desse Eros irrequieto que celebra o amor e tem sabor de sal. Flechas, girassóis de amianto, dedos de aço e lua, dedos de sol e ferro.; cada movimento reafirma o ato de amor lascivo, num ato mútuo de que participam os amantes em águas marinhas, um misto de cogumelos, enguias, hipocampos, nenúfares, ventosas e anêmonas-do-mar participantes do banquete de orgia. E sua “ninfa” metamorfoseia-se em pétala, terra, água e concha, a imagem da mulher-flor. E o amante é sal.; quer seja da concha do mar, quer seja da terra a salgar seres intergaláticos enjaulam combustível incendiário.
A nudez é símbolo da liberdade tátil e Vênus na sua travessia percorre os vá-rios caminhos do corpo amado e das primeiras descobertas de um universo isento de medo, uma apaixonante viagem que se faz através da participação. Vive o desejo como ser “desejante”.
Como um peixe asfixiado entre “a carambola e a gasolina” o amor-desejo-prazer percorre os vários caminhos do corpo, numa passagem que se quer excitante, calma, lenta e latente. Até dar-se em plenitude há muito a percorrer. Cada toque do universo enamorado floresce, indo florar como a ilha de Vênus, ofertada aos rudes na-vegantes cansados.
Assim o prazer, a posse do corpo amado. O ingresso no paraíso.

Maaria Dalva Junqueira Guimarães
Madellon











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