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cronicas-->O cepo do Grogue -- 27/12/2008 - 20:34 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O cepo do Grogue



Van Grogue sentindo-se zonzo naquela manhã de sábado, sentou-se à porta do boteco ainda fechado, onde tentaria suprir com cana, suas carências alcoólicas.
O homem já acomodado no cepo velho e rachado, fixado defronte ao bar, acendeu um cigarro Mil e percebendo que o ar fresco lhe fazia mal, aspirou com força a fumaça cinza-quente.
Ao expelir o jato de fumarada pelos lábios e narinas, Grogue viu o cão bege-peludo que fazia xixi no poste a alguns metros, de onde ele estava sentado.
Van num flash lembrou-se da adolescência, quando ainda na casa dos pais, urinava na cama.
Ele amanhecia todo ensopado, e quando a mãe vinha ao quarto, atraída pelo fedor, ele sentia o seu ralhar, mais por causa das poças de urina debaixo da cama, do que pelo trabalho que lhe daria, para lavar todos aqueles lençóis e cobertores.
Foram tantos meses passando por momentos tormentosos que os pais de Grogue inventaram um sistema protetor de colchão, consistente em envolvê-lo com grossas camadas de material plástico impermeável, fixados com fita crepe.
Van sentia a tortura na pele ao ouvir a mãe se queixar que precisaria comprar uma cama de vento nova, por estar aquela, ocupada por ele, completamente enferrujada.
Era deprimente a visão daquelas molas e entrelaçados metálicos rompendo-se por causa da ferrugem. Triste também era saber que o assoalho debaixo da cama apodrecia, sem chance de salvação.
O homem lembrou-se de como se sentia constrangido diante dos irmãos, quando a mãe lamentava, em altos brados, ter de lavar, todo santo dia, a roupa de cama emporcalhada pelo mijo.
Não tinha mesmo jeito. Toda manhã era a mesmíssima coisa: ele acordava urinado, para logo em seguida sofrer com a repreensão da mãe. E esse drama só terminou após algumas consultas com vários médicos.
Soube-se anos depois como era a dinàmica da doença. Era assim: como a casa do moço era muito pequena e havia nela muita gente, o banheiro por consequência estava sempre ocupado, causando o desconforto constante, por causa da retenção da urina. Ora, durante o sono, Grogue sonhando, achava sempre que encontraria o banheiro livre, soltando então o xixi.
E agora ali sentado naquele cepo esperando o momento em que se daria a abertura do boteco, Van Grogue percebeu que se não fosse pela compreensão dos seus irmãos, ele poderia desenvolver algum tipo de trauma precedente, quiçá de uma neurose ou psicose futura.
Atirando a bituca para bem longe, Grogue considerou a espera diante do bar como atitude insultante. De fato naquele momento, diante do avançado da hora, imaginou procurar um vereador amigo seu, a fim de convencê-lo a criar uma lei que obrigasse todo botequim de Tupinambicas das Linhas, a atender sua clientela em 15 minutos.
Afinal quem é que suportaria tanto tempo de espera, só para tomar uma dose de pinga? E depois tinha mais: ele já sentia vontade de urinar.
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