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Artigos-->Acabou o encanto -- 25/04/2003 - 01:51 (Fernando Jasper) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Cuba não ganhou nenhuma batalha heróica com o fuzilamento desses três homens, mas sim perdeu minha confiança, destruiu minhas esperanças e decepcionou minhas ilusões"





Apesar de recentes, essas palavras não trazem nenhuma novidade. Poderiam ter sido ditas em qualquer momento da História desde que Fidel Castro tomou o poder em Cuba e, aceitando a melhor oferta, decidiu tornar-se um fervoroso comunista.





Em meio à Guerra Fria, o revolucionário tinha uma escolha a fazer entre as duas maiores potências do mundo. Já que havia acabado de tirar um servo dos Estados Unidos da presidência cubana, ficou fácil optar pela filosofia da União Soviética.





Imediatamente, os norte-americanos decretaram um embargo contra a ilha e passaram a armar sucessivos planos para matar Fidel e reassumir o controle. Os presidentes John Kennedy e Richard Nixon foram apenas os primeiros a falhar nesse ponto.





Como sobreviveu às tentativas de assassinato e seu país ao embargo, Fidel foi ganhando admiradores em todo o mundo, especialmente entre os círculos intelectuais. Escritores, jornalistas, economistas, universitários e que tais de todo o mundo derretiam-se em elogios à tentativa cubana de criar uma sociedade justa e igualitária.





Fidel não virou um ídolo pop como seu companheiro de revolução Ernesto Che Guevara, um dos rostos mais conhecidos do mundo e, sem dúvida, o que mais aparece nas camisetas vermelhas de passeatas estudantis mundo afora. Fidel não virou um mártir das revoluções libertadoras, mas transformou-se num herói da resistência.





No entanto, os métodos castristas de resistir aos opositores de seu regime são pouco elogiáveis. E conhecidos há bastante tempo. Quarenta anos de ditadura não combinam com o ideal socialista e, por isso, os adversários deixaram de ser somente os norte-americanos.





A parcela de cidadãos cubanos contrários ao regime cresceu na mesma proporção que o número de seus amigos e parentes perseguidos e assassinados pela turma de Fidel. Como era de se esperar, conhecidos admiradores do regime foram, pouco a pouco, afastando-se dele.





O célebre escritor peruano Mario Vargas Llosa fez isso há longos trinta e cinco anos. Após vencer o prêmio literário Romulo Gallegos e faturar um bom dinheiro com ele, recebeu uma proposta quase irrecusável do governo da ilha. Bastaria doar o prêmio à causa de Che Guevara – para todo o mundo ver – e, depois, receber o dobro do dinheiro de volta – sem que ninguém soubesse. Um belo golpe de marketing, hoje em dia muito copiado por celebridades. Mas Llosa, indignado, revelou a farsa e tornou-se um grande crítico do regime.





Pouco depois, foi a vez do escritor mexicano Octavio Paz, Nobel de literatura, passar a criticar o totalitarismo castrista. Inúmeros exemplos parecidos se seguiram. Alguns, com um atraso quase surreal.





O português José Saramago, outro prêmio Nobel, só se deu conta do que acontecia em Cuba na semana passada. Tarde, não? Comunista convicto – ponto de vista que fica explícito em algumas de suas obras –, o escritor é o autor das palavras lá de cima. Como bem disse Elizardo Sanchez, presidente da Comissão Cubana de Direitos Humanos e da Reconciliação Nacional, "a esquerda mundial demorou a acordar para a real situação de Cuba"





O porquê da demora tem uma explicação. Os assassinatos de opositores ao governo cubano estavam em baixa e crescia o apelo mundial pelo fim do embargo. Mas, há alguns dias, 75 dissidentes políticos, entre eles escritores, jornalistas e economistas, foram condenados a penas médias de vinte anos, sem direito a defesa. A gota d’água veio logo depois: três cubanos foram condenados à morte por seqüestrar uma balsa e tentar levá-la aos Estados Unidos.





Ficou impossível defender Fidel Castro. Ser simpático à tentativa socialista é bem diferente de ser simpático à ditadura castrista.





O golpe final foi simultâneo à declaração de Saramago. A Cuban Policy Foundation, entidade formada por norte-americanos que defendiam o fim do embargo, anunciou, na quinta-feira passada, a renúncia de todo o seu conselho diretor. O desmanche foi justificado, obviamente, pela nova supressão dos direitos humanos em Cuba. Apesar de ainda defender o fim do embargo, o grupo afirmou que isso é cada vez mais difícil, já que, segundo seus perplexos diretores, "só é possível concluir que Cuba não quer uma abertura".





Na verdade, Cuba quer, e muito. Quem não quer é Fidel Castro e sua eterna obsessão pelo poder.



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