Eu me sinto muito honrado em ser paraninfo nesta solenidade de entrega dos certificados de conclusão dos cursos e programações de treinamento da Escola SENAI Mariano Ferraz e do Centro de Treinamento SENAI Jorge Mahfuz.
Poderia começar tentando caracterizar para voces a importância do treinamento, da educação profissional e ocupacional na carreira e na vida de cada um de nós e de como estas horas que aqui passaram, estudando com sacrifícios pessoais, serão úteis daqui para a frente em suas vidas.
Mas eu quero dar uma mensagem clara para voces de como eu vejo que as empresas devem se organizar daqui para a frente e de como voces tem uma missão importante para efetivar a transformação necessária nas empresas de hoje para que possam representar uma melhoria de nosso país e de nossas vidas.
Existem duas teorias absolutamente antagônicas sobre as relações entre as empresas e seus empregados:
Uma primeira teoria básica, que vamos chamar de Teoria X, tem as seguintes premissas:
1) As pessoas pela sua própria natureza, não gostam de trabalhar, e evitam trabalhar sempre que possível;
TRABALHO = SACRIFÌCIO
2)Os trabalhadores têm POUCA AMBIÇÃO, tendem a evitar responsabilidades e gostam de ser dirigidos;
TODOS PRECISAM DE UM CHEFE!
3)Acima de tudo, os trabalhadores querem SEGURANÇA;
COMO CRIANCAS, PRECISAM SER SEMPRE PROTEGIDOS!
4)Para que se alcance objetivos organizacionais é necessária a utilização de coerção, controles e ameaças de punição por parte da administração para com os funcionários.
Estas hipóteses acima sobre o comportamento dos trabalhadores baseou por longo tempo as práticas de administração das empresas desde o início da industrialização.
(ADMINISTRACAO CIENTÍFICA - ORGANIZAÇÃO RACIONAL DO TRABALHO)
A premissa por trás das tarefas cientificamente estipuladas era de que os gerentes, com o auxílio de profissionais, poderia cuidadosa e sistematicamente analisar cada função a ser desempenhada no processo produtivo e determinar o método melhor e mais rápido para a sua realização.
Seria até possível calcular com precisão o tempo que um trabalhador médio, ou melhor, um trabalhador ideal que estaria perfeitamente adequado aquela função, levaria para desempenhá-la.
Na concepção científica da organização do trabalho, as tarefas a serem realizadas eram divididas até a sua forma mais simples. Os trabalhadores se concentrariam, então, em desempenhar atos discretos, prédeterminados e cuidadosamente medidos no seu ambiente de trabalho.
Todas as funções associadas necessárias para o planejamento e coordenação dos esforços da massa de trabalhadores seriam desempenhadas pelos gerentes, supervisores e especialistas.
Assim, o trabalhador não teria qualquer responsabilidade ou influência nos padrões de qualidade de seu trabalho. Estes padrões de eficiência e qualidade seriam estabelecidos pelos gerentes e engenheiros e monitorados e cobrados por inspetores.
Os mesmos ou diferentes "chefes" eram os inventores dos métodos de trabalho especificando os mais rápidos movimentos que cada trabalhador deveria fazer para realizar a sua tarefa predeterminada e então monitorar os trabalhadores para se assegurar que os métodos prescritos foram usados.
O set-up ou preparação dos equipamentos; a manutenção das máquinas; o controle da produção; a coordenação do fluxo de matérias primas e produtos acabados; e até mesmo a disciplina na execução do trabalho era EXTERNAMENTE imposta aos trabalhadores, por encarregados, supervisores, gerentes, etc.
Esta concepção do trabalho que acabo de descrever usando a expressão como se fosse a organização do trabalho no passado, voces sabem muito bem que ainda ocorre hoje na maior parte das empresas brasileiras.
Na verdade, ocorre ainda nos Estados Unidos e em muitas empresas européias.
O resultado desta forma de organização do trabalho, que erroneamente foi chamada durante muito tempo de "organização científica do trabalho", veio ser a causa de uma grande insatisfação dos nossos trabalhadores, muitas vezes manifestada através de greves, paralisações, operações tartaruga, e outras "indisciplinas".
Mas a maior parte das vezes esta insatisfação do trabalhador gerada por esta inadequação de princípios, se expressou em coisas sendo feitas com baixa qualidade.
O preço que o Brasil e muitos países vem pagando por isto, tanto em perda de competitividade como pelo enorme conflito entre empresa e trabalhadores é extremamente grande.
É isto que temos que mudar!
E para mudar, precisamos comecar pelos princípios da relação entre trabalhadores e empresas, principalmente através do reconhecimento de que a Teoria X é conceitualmente errada!
A Teoria certa pode ser resumida nos seguintes em seis pontos:
1) O esforço físico e mental do ser humano no trabalho é tão natural nas pessoas quanto descansar ou se divertir;
TRABALHO NÃO É SACRIFÍCIO!
TRABALHO É UMA ATIVIDADE NATURAL!
2) Controles externos e ameaças de punição NÃO são as únicas maneiras de se conseguir que os trabalhadores cumpram objetivos da empresa.
Se as pessoas se comprometem com objetivos elas naturalmente exercitarão auto-controle e não precisarão de chefes;
3) Comprometimento com objetivos é determinado pelas RECOMPENSAS associadas ao atingimento de metas;
PUNIÇÃO X RECOMPENSA
4) Sob determinadas condições o ser humano médio aprende não apenas a aceitar, mas a buscar responsabilidades;
O TRABALHADOR NÃO É UMA CRIANÇA, ELE BUSCA RESPONSABILIDADES NO AMBIENTE DE TRABALHO, DA MESMA FORMA QUE O FAZ NA SUA VIDA COTIDIANA.
5) A capacidade de exercitar um relativo grau de imaginação e criatividade na solução de problemas no ambiente de trabalho é distribuida largamente pela população.
A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS NÃO É PRIVILÉGIO APENAS DOS CHEFES!
6) Sob as condições normais na vida das indústrias de hoje o potencial de desenvolvimento e realização do homem médio está sendo apenas parcialmente utilizado.
OS SISTEMAS DE ADMINISTRACAO QUE TOLHEM OS INDIVÍDUOS NÃO APROVEITAM O POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO DOS MESMOS!
Eu quero hoje aqui convencê-los fortemente a defenderem em seus postos de trabalho a teoria de administração que acabei de enunciar.
São esses princípios básicos que fizeram do Japão o país mais rico do mundo e suas empresas as melhores do mundo e seus trabalhadores com os maiores salários do mundo!
Não venho aqui pregar para o Brasil fazer como o Japão: venho defender os princípios básicos que podem fazer do Brasil um país desenvolvido a partir da base de seu povo que são os trabalhadores!
Estes princípios básicos que são encontrados nas empresas bem sucedidas em todo mundo, nos Estados Unidos, na Europa e já algumas poucas no Brasil.
A expressão mágica que deriva dos princípios acima é:
TRABALHO EM EQUIPE!
TODOS os trabalhadores são MUITO importantes!
Não são apenas os chefes e gerentes que sabem o que fazer e como fazer melhor. O operador de máquina, o torneiro mecânico, o soldador, o ferramenteiro, são tão capazes quanto o engenheiro, o gerente e o presidente da empresa para conseguir realizar melhores produtos.
A revolução a fazer em nossas fábricas, em nossos escritórios, é organizar o trabalho de forma a que estas características naturais do trabalhador se reflitam em PARTICIPAÇÃO e ENVOLVIMENTO!
Vou contar para voces dois episódios que pessoalmente presenciei em visitas a duas fábricas no Japão:
**Matsushita: 1240 inspetores de qualidade, 1240 funcionários da limpeza, 1240 funcionários do departamento de manutenção, 1240 empregados!
**Mitsubishi: exposição sobre melhoria em mecanismo de teste de aparelho disc laser...
Grupos de melhorias!
Mensagens:
*Dar PODER aos trabalhadores através do ENVOLVIMENTO com os objetivos da empresa.
*Ser franco e honesto sobre os negócios da empresa e seus objetivos.
*Ter certeza de que todos entendem os objetivos da empresa.
*Não ter segredos com os trabalhadores.
*Investir sériamente na COMUNICAÇÃO
*Confiar nas pessoas para fazer as coisas certas.
*Assumir que com as informações corretas e suficientes as pessoas vão atuar no melhor interesse da empresa e de seu próprio.
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PARABENS A TODOS VOCES QUE PASSARAM PELOS CURSOS DE TREINAMENTO DO SENAI.
VOLTEM AOS SEUS POSTOS DE TRABALHO COM A CERTEZA DE QUE VOCES SÃO MUITO E MAIS IMPORTANTES PARA UM BRASIL MELHOR.
CONVERSEM COM SEUS ENCARREGADOS, SUPERVISORES, GERENTES, PATRÕES E COMPANHEIROS PARA QUE O TRABALHO EM EQUIPE SEJA UMA CONSTANTE EM SUAS EMPRESAS.
FORMEM GRUPOS DE MELHORIAS.
PENSEM POSITIVAMENTE QUE NÓS É QUE VAMOS MUDAR ESTE PAIS: NÃO SERÃO OS POLÍTICOS, NEM SERÃO OS CHEFES; VAMOS DECIDIDAMENTE ASSUMIR A TAREFA DE MUDAR!
NOSSO OBJETIVO FINAL É CONSTRUIR UMA EMPRESA COM QUALIDADE TOTAL!
UMA FÁBRICA ONDE SEUS FUNCIONARIOS TENHAM ORGULHO EM TRABALHAR, SEUS ACIONISTAS TENHAM RETORNO ADEQUADO PELOS SEUS INVESTIMENTOS, SEUS CLIENTES SATISFAÇÃO EM COMPRAR SEUS PRODUTOS, SEUS FORNECEDORES PRAZER EM VENDER MATERIAIS E PRESTAR SERVIÇOS; ENFIM, UMA EMPRESA QUE SEJA DIGNA DE NOSSA COMUNIDADE.
E NÓS TODOS, JUNTOS, SEREMOS CAPAZES DE CONSEGUIR ISTO.
