16/01/2009 - 03h01 Bons e maus exemplos na Globo Por Dal Marcondes
Ainda esta semana comentava com amigos o qual importante é a Globo trabalhar as relações internacionais do Brasil, em especial nos últimos tempos, com China e índia. A novela das seis chama-se "Negócio da China" e (nunca assisti) a próxima novela da oito chama-se "Caminho das índias". No segundo caso parece que vai mostrar ao espectador brasileiro um pouco das tradições e cultura de um grande país, que é, além de milenar, um importante parceiro comercial e diplomático do Brasil. Mostrar a índia como um país amigável e bom para se fazer negócios é um bom serviço que a Globo presta à sociedade brasileira. Afinal, os emergentes considerados mais importantes globalmente são Brasil, Rússia, índia e China, conhecidos pela sigla BRIC. Uma emissora com o alcance que a Globo tem no Brasil certamente tem responsabilidades no processo de desenvolvimento do País e na formação de uma nova cultura mais aberta à globalização ou planetarização (prefiro o segundo termo) da economia. Mas fiquei muito surpreso ao assistir na mesma Globo, no penúltimo capítulo de "A Favorita", onde a Patrícia Pilar esteve magistral (Pronto, confessei, assisto novela), uma cena deplorável. A cena, protagonizada por Déborah Secco, onde ela, em meio a um festival de bobagens, é levada para dar a luz a seu rebento embaixo de uma árvore no quintal. Isto acontece na mesma semana em que a Unicef anuncia o crescimento da mortalidade infantil ao redor do mundo, e também do Brasil (o Ministério da Saúde nega), mas, principalmente, na mesma semana em que a organização, ligada à s Nações Unidas, deu um grande destaque ao crescimento da mortalidade materna. Esta mortalidade materna, que sempre foi muito alta no Terceiro Mundo (e ainda não saímos desta condição de subdesenvolvimento) é causada principalmente pela falta de higiene adequada e cuidados médicos antes, durante e depois do parto. Certamente a Globo não foi feliz nesta cena. Talvez o autor ou diretor ache que foi burlesco. No entanto, foi muito deseducativo. Na Envolverde publicamos matéria sobre o assunto (não sobre a Globo, mas sobre a mortalidade de mães e filhos): http://www.envolverde.com.br/?materia=55446 Como Jornalista Amigo da Infància (JACA, como somos conhecidos), da Agência ANDI, não poderia me furtar a falar sobre isso. Uma empresa como a Globo, que tem uma política de responsabilidade social reconhecida, não pode cometer deslizes tão grotescos. (Envolverde)
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