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Cronicas-->Adeus às ilusões -- 07/03/2001 - 21:35 (Anizio Canola) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nosso amor floresceu num lindo jardim à moda antiga. Onde havia rosas vermelhas em pencas. Lindas, místicas... Aliás, esta predileção enciumou as demais flores. Plantas refletem sentimentos e têm motivos. Um assíduo beija-flor esverdeado, borboletas multicolores, abelhas fabricando mel, o banco escolhido sob a árvore frondosa... Detalhes de um tempo feliz...
Ah, momentos maravilhosos, já tão distantes...
Verdade que na época, só Aline lutou por esse amor. Aliás, com todas as forças do seu coração. Eu estava sempre distante da emoção, evasivo, reticente... Qual uma flor perfumada, ela acabou esmaecendo. De vez... Cansou-se de lutar por mim debalde... Com lágrimas nos olhos, deu uma guinada em sua vida. Foi buscar outro amor. Que a fizesse esquecer de mim. Ficamos completamente separados no tempo e no espaço.
Na ampulheta da eternidade, a areia passou de forma implacável, marcando a fluência da vida. E ensejando um longo suceder de estações do ano. Custei a perceber. Aos poucos, as primaveras foram ficando desbotadas. Os verões, sem o gostoso calor. Os outonos não mais produziam frutos como dantes. E os invernos pioraram tremendamente. Nunca mais me pareceram "estação da elegància".
A explicação desse desagradável estado de coisas, numa única palavra: saudade.
Senti demais. Entreguei os pontos. Quem diria, a mulher da minha vida estivera ao meu alcance e eu não a reconhecera...
Mas, nas voltas que a vida dá... Dia chegou, que nos encontramos de novo, no mesmo lugar florido. Imbuído da maior certeza do mundo, admiti logo a grandiosidade daquele bem querer. Que eu, estulto, um dia relegara. Desprezando a mais pura flor do amor. O amor de Aline, por mim...
Murmurei, ao vibrar das fibras do meu coração: Agora, nada mais vai conseguir nos separar!...
Só que as coisas mudam. Não basta simplesmente exalar paixão. Querer que, num estalar de dedos, tudo se amolde agora à nossa vontade. Porque quando advém a discrepància entre sonho e realidade, a vida se torna angustiante. De volta ao cenário de ternas recordações. Sem conseguir, todavia, reter a felicidade. Que ameaça escapar de vez, por dentre os dedos. Uma folha morta cai da árvore querida. Sinal do sofrido diálogo travado neste amargo momento.
Aline tenta ser forte, ao externar sua decisão:
- "Por que você, querido, não me disse isso tudo naquele tempo?"
E você? Nunca me falou declaradamente...
- "Caramba! Não era segredo para ninguém que eu o amava".
A mim, devia ter dito. Isso você nunca fez.
- "É verdade. A vida não perdoa deslizes na época de definições. O retrocesso é inviável. Se errar o caminho desejado, nunca mais".
Acontece que eu estou aqui. Vivo, como você... Disposto a superar todos os obstáculos.
- "Fiz tantos planos para reatar a felicidade. Todavia, essa barra não dá pra segurar. Compreendi que já não somos mais as mesmas pessoas. Mudamos. O tempo muda tudo. Dependemos de outras vontades. Cercearam nossas opções. Estranho, não é? A gente ansia a vida inteira por nova chance. De repente, quando a tem, é preciso declinar..."
Alguém te acompanha?
- "Vivo só, você sabe..."
Então?...
- "Se eu fosse dona de mim... Perceba, somos ligados a outras pessoas que surgiram no enredo, no meio do filme. Ignoram tudo isso. Jamais nos entenderão...".
Nossos amigos, certamente, perguntarão por você.
- "Diga-lhes que levo lembranças, e deixo saudades. Lembrem-se de mim, porque de todos não me esquecerei".
E as temporadas nas praias de Maceió e Natal? O carnaval na Bahia, ouvindo a Daniela Mercury? Não tem mais?...
- "O amor sublime nunca morre no coração. Existirá sempre, no sonho. Um dia todos saberão de nós, Romeu e Julieta dos anos 90. Confesso que a solidão me incomoda. Contudo, não se importe com isso. Afinal nasci só e vou morrer só, mesmo..."
Curioso. Ela também disse algo assim...
- "Quem?"
Rachel de Queiroz, na sua crónica Solidão: "...Sim, a gente nasce e morre só. Mas, talvez por isso mesmo, quer viver acompanhada..."
- "Acabou. Só noutra vida, ficar juntos. Não tema, se acaso eu partir antes, ficarei lhe esperando no céu..."
Será? Acho que nunca mais nos veremos. Se voltarmos noutras vidas, nenhuma lembrança desta restará, podes crer. Mesmo porque, o texto bíblico diz: "... Porque na ressurreição, nem os homens terão mulheres, nem as mulheres maridos, mas serão como os anjos de Deus no céu". Entristece-me esse final do nosso filme. É como se eu morresse em vida.
- "Aquele sonho lindo de outrora não passa agora de quimera. Deu no que deu. Por falar em filme, um que assistimos juntos, nos bons tempos, tinha um título sugestivo para o epílogo do nosso romance".
...?
- "Adeus às ilusões..."












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