Fico feliz que parlamentares de todo o Brasil estejam preocupados com as propagandas onde as mulheres aparecem de calcinha. Conforme disse o Laurito, expert em propaganda, a democracia plena só vai chegar quando o nu for totalmente liberado.
O curioso é que os deputados que estão preocupados com as calcinhas da cerveja e com os biquínis dos sorvetes não conseguem emplacar leis que democratizem a relação entre as emissoras de rádio e televisão e o povo, seu legítimo proprietário.
Enquanto os veículos de comunicação servem apenas para joguetes políticos, tanto é que estão todos na mão de grupos que adulam o poder, os deputados, e o que é mais surpreendente, um do PT, ficam perdendo seu tempo com as calcinhas da cerveja.
Em primeiro lugar devemos lembrar que as propagandas e novelas dos anos 80 eram muito mais erotizadas do que as atuais. Em segundo, que todos os seres vivos que compram coisas têm sexo.
A valorização ou não das figuras humanas já é regulamentada pelo Conselho Nacional de Auto Regulamentação Publicitária. Tudo o que se quer transformar em lei já está regulamentado. É a velha história do bode.
Em segundo lugar, se não tivesse acontecido a abertura democrática na televisão e demais meios de comunicação o PT jamais estaria no poder. Foi baseado nesta democracia que eu escrevi vários textos pedindo votos para Lula e membros do PT de Rondônia, embora sutilmente. E é baseado na democracia das bases petistas que critico esta postura dos deputados envolvidos na quimera das calcinhas.
Em vez de calcinhas e cuecas, seria bom que os deputados brasileiros se envolvessem na melhoria da segurança pública, na moralização dos poderes, na denúncia das podridões e negociatas que enojam os eleitores e na punição exemplar de todos aqueles que roubam a pátria todos os dias.
Estes mesmos deputados podem deixar de usar calcinhas e cuecas também, já que isto nunca foi obrigatório. A erotização da mídia brasileira é bem menos prejudicial do que a corrupção de setores da imprensa, que são obrigados a ficar calados com medo de serem punidos com a demissão se publicarem todas as coisas ruins que se dizem por aí.