MEU JAZIGO
Quando eu morrer, que a minha campa seja
nua, sem lousa,
para que um crente, orando nela, veja
que ali repousa
um simples.;
quero mais: que a cruz erguida
à cabeceira,
seja de troncos, lisa, não polida
-bruta madeira.
Do cemitério, fuque sita a um canto
humilde e chão.;
Que não chegue até mim a dor e o pranto
dorido e vao
(que a saudade tortura e não consola,
nem esmaece)
para que pense quem me faça a esmola
da santa prece
que fui um santo.
Que me plantem sobre ela uma roseira
de trepadeira,
rodeada de modestas açucenas,
para que diga, quem me vir florindo:
" - Foi um poeta, apenas..."
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