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cronicas-->A viúva e o sacristão (II) -- 08/02/2009 - 15:56 (Ana Zélia da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:131420484392538400
A VIÚVA E O SACRISTÃO. (II) (crónica)
Ana Zélia

A viúva tentava colocar em ordem o caos que se transformou sua vida.
Sonhava após aposentadoria ter um pouco de paz, cansara de pedir a Deus e aos santos um marido, viu que aquilo não era negócio, seria um problemão. Sonhava viajar, mudar de estado, enfrentar novos cursos, não parar nunca. VIVER. Esta seria a palavra chave.
Pobre viúva esqueceu de que árvores mortas, podem reviver, dar frutos, basta que as sementes brotem. Da carga chamada marido, ficaram três sementes que cresceram, só uma não deu fruto, em compensação, era sua companhia, o ser que mais a odiava. Era sobrevivente de sangues que não se combinavam a quinta de uma sequência de cinco, dois morreram e ela trocou o sangue ao nascer. Efeito cármico. Malditos ventres que geraram monstros em vez de gente.
Acusava a viúva de ter tirado dela a única pessoa que a amou. Seu pai. Foi preciso conversa séria para provar de que ele não a amara, ao contrário, espancara a mãe com ela nos braços aos doze dias de nascida. Sentindo-se só, cresceu, fez faculdade, pós graduação, fala e escreve fluentemente a língua inglesa, escreve e faz do palco seu tablado.

Tem o dom de ver nas cartas do taro o futuro de quem a procura, acredita na reencarnação e acha que não deveria ter nascido em uma aldeia, distante de seu mundo. Em outra vida, foi princesa, mas nesta quis ser rainha, pela altivez, ódio, tem perdido campo, em troca agride quem de fato a ama.

Mãe nenhuma quer ver seu filho perdido no mundo, solto, sem lutar para ascender, é muito fácil exigir, querer trabalhar fora daqui, a viúva perde a força, a fé, e caminha a passos largos para o fim. Já ultrapassou o 6.5 e vem morrendo a cada dia. Surta facilmente, o psiquiatra é seu mestre e guia, o corpo bichado incha, mostra fraqueza, adormece até um dia parar de vez. E a desgraçada roga a Deus toda hora que não a leve ainda, são seus proventos que segura a barra, virou a "galinha dos ovos de ouro", sem ter dependente menor, ao morrer seu herdeiro será o estado. E os frutos do ventre maldito terão que dividir seus bens ou se unirem para um fim comum.

A viúva desde aquele tempo em que pedia aos santos um marido e sofreu as humilhações do sacristão, se afastou da igreja, passava ao largo, fez em sua casa uma igreja particular, repleta de santos, velas, em cada altar um mensageiro de Deus. É São Jorge, São Sebastião, Senhora da Conceição, Sara, seu padrinho de batismo São Benedito, tinha uma queda enorme pela umbanda, na entrada de sua casa, Santo Antonio, Nª Sª de Fátima, tinha Santo Antonio da porta, da escada, amava o santo e o amor de sua vida tinha seu nome. Ogum (São Jorge), Oxossi (São Sebastião), este ela levou dez anos para bordar uma tela em meio ponto, só este ano concluiu e o levou à procissão, dia 20 de janeiro. Respeitava o povo das águas, onde seu padrinho é o Rei do Mar (São Benedito), Mamãe Oxum é a Senhora da Conceição, sua madrinha, Mariana, Marinheiro, as sereias, índias, seu Guardião, mensageiro de São Jorge, também conhecido como Seu Saci Pereré, tem sempre alguém de plantão para lhe dar forças nas quedas, nos enfrentamentos, talvez por isto ainda viva. Pobre viúva, infeliz em tudo, no amor e na vida.

Há coisas que acontecem em nossa passagem pela terra que duvidamos esteja acontecendo, você luta, defende tantos e não sabe se defender, porque a defesa se fosse feita causaria muito mal, como ainda se acha forte, protege o fraco, que lhe arrebenta a alma, o corpo e pode ainda matá-la. O homem cria leis para proteger os idosos, mas este mal continua e só os pais de hoje, educando seus filhos, poderão amanhã quem sabe ter uma vida mais digna, onde a harmonia, a união possa salvar estes seres. Filhos, pais. E a vida segue seu rumo, nas esquinas a morte nos aguarda. Coisas da vida.

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Esta é a segunda crónica que publico na usina, mas tenho várias, ela me é suporte para todos os problemas. O poeta sente sua dó e faz da dor ausente de cada um leitor, o chamamento para se evitar tanta dor. Ana Zélia
Manaus, 07.02.2009




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