Pertenço a uma geração que costumava exaltar o romantismo como uma forma ideal de comportamento. Ser romàntico era um estado de espírito, algo que aflorava espontaneamente nas pessoas. Os mais sensíveis, poetas e sonhadores já traziam consigo este traço singular em sua personalidade. Ainda hoje não consigo expressar em palavras ou imagens a real dimensão da impressão que tenho do fim do romantismo. Lamento pela decadência de uma época onde o "glamour" dos encontros amorosos quase sempre vinha acompanhado de uma boa música, do cavalheirismo, da ida aos cinemas de bairro, das gentilezas destinadas à s mulheres pelos homens da época. O romantismo fazia parte dos namoros nos portões - sempre vigiados pela mãe da garota. Hoje existem até os que se ressentem de um determinado tipo de "sofrimento" que ao romantismo sempre esteve atrelado. A chamada "roedeira".
No Recife, pelos idos dos anos 60, dizia-se que "fulano está na maior roedeira". Era o sentimento de vazio causado pela frustração por não conseguir namorar a pessoa desejada, ou pelo rompimento de uma relação qualquer. Geralmente o destino daquele que se encontrava nessa situação era o boteco da esquina, local onde desafogava suas mágoas, escutando nas vitrolas de ficha a música relativa aos desenganos amorosos. O homem contemporàneo não está tendo o prazer de conhecer uma das mais importantes manisfestações do comportamento humano de que já se ouviu falar. O que morreu não foi o romantismo propriamente dito, mas sim a arte de ser cortês, o galanteio, a finura no trato com as mulheres, a delicadeza ao se dirigir ao outro, o cavalheirismo, a gentileza por meio de ações e atitudes que diferenciavam o comportamento dos verdadeiros romànticos.
Luiz Maia
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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cànticos" e "À flor da pele". Recife-PE.
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