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cronicas-->Indiferente (*) -- 15/02/2009 - 18:03 (Benedito Pereira da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Indiferente (*)


Hermenegildo acorda e levanta-se mais cedo. Altera a rotina em 30 minutos.


Preparo, como de costume, antes de ir para o trabalho: ginástica, banho, barba e lanche (sempre acompanhado de 3 ou mais frutas diferentes e compatíveis, a fim que as substàncias nutritivas de uma não sejam eliminadas pelas de outra).


Veste o melhor terno, combina gravata, meias, sapato e cinto.


Escova os dentes, usa a colónia de hábito,
junta alguns papéis, apanha a pasta de couro (que lhe faz companhia há muito), despede-se da mulher e filhos. E vai.


Na garagem, pergunta a si: será que me esqueço de algo? O subconsciente, tranquilo e recuperador, informa-o:


-- Parece que não!


Acredita. Liga o carro, já velhinho e reclamando outro. Talvez a oportunidade para compra seja agora, momento em que os revendedores oferecem muitas vantagens para estimular o consumo e conseguir (por que não?) maiores vendas.


Cerca de dois quilómetros de sua residência, obstáculo bem considerável: carros vagarosos como a indicar que houve algo de anormal (pista dupla). Nota que alguém, com a seta ligada, deseja sair de onde está e tomar a faixa única em que ele se encontra.


Todos, indiferentes ao sinal do dispositivo, ligado como advertência, passam com a pressa e educação costumeiras, no trànsito. São raros os que respeitam o pedido de passagem, que o digam também os pedestres. Empatia é algo que não conhecem ou, se dela têm conhecimento, fazem questão de não exercitar.


No rádio, ouve as informações últimas do Brasil e de parte do mundo. Desliga-o. Precisa mais de silêncio do que notícias. Raciocina rapidamente: supõe necessário aguardar o véiculo sinalizador manobrar e seguir o seu destino.


Era rua de comércio, e o carro estava parado em frente a empório de secos e molhados. Pensa:


-- pode ser dona de casa, que, como diversas, trabalha. E antes de ir para o serviço, procura suprir o lar de algumas necessidades (do dia ou da semana).


Calmamente, espera o condutor tomar o caminho pretendido, o qual sai sossegado e falando no celular.


Sequer um aceno de agradecimento. Devagar, como quem não está com pressa nem preocupado com os demais, interrompe mais ainda o curso natural do Hermegildo, que tinha uma reunião às 08:00h, e já eram 07:43h; portanto, quase impossível chegar em tempo, dadas as condições do trajeto que deveria percorrer.


Enfim, depois de considerável demora (7 minutos no trànsito podem ser tempo apreciável, depende dos compromissos de cada um), vira-se à direita e permite-lhe vislumbrar, mesmo de relance:
tratava-se realmente pessoa do sexo feminino, meia idade, morena, bonita e blusa da moda.


Por instante, conjectura:


-- Puxa! Tudo isso pode ficar comprometido pela maneira brusca e displicente como age essa pessoa, sem tomar ciência de certas delicadezas ou até socorro!)que lhe prestem!


Segue o seu percurso. Tem outras coisas mais sérias que lhe devem ocupar o cérebro.


Comparece à reunião. Explica-se resumidamente (não conta, é claro, o que, na realidade, ocorreu). Entende que houve compreensão de todos os integrantes.


O encontro não demora muito e tem o êxito pretendio: a empresa consegue firmar um contrato (muito lucrativo) pelo qual vinha se empenhando há tempos.


Mais tarde, volta a lembrar-se do episódio da manhã e chega à seguinte conclusão:


-- A motorista nem tomou conhecimento de mim. Não fez mal. Quando se pratica o bem, não se espera retorno do ser humano. Lógico, Deus vê! E Ele é o que importa. O fato de ter obtido complacência dos componentes da mesa pelo atraso involuntário e de o conclave ter sido eficaz, reflete, sem dúvida, um retorno indireto, seguramente, encomendado por Deus!


Assim, continua valendo a máxima:


"Faça o bem sem olhar a quem!"


________
(*) Brasília, DF, 04/02/2009.
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