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Cronicas-->A viúva e o sacristão. (crónica) -- 23/02/2009 - 17:44 (Ana Zélia da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A VIÚVA E O SACRISTÃO. (crónica)
Ana Zélia

Após ter passado junho, mês das festas e dos santos casamenteiros, Antonio e João, dos bois, do Festival Folclórico de Parintins, com Caprichoso e Garantido, a pobre viúva continuava sem ninguém e resolveu volver os olhos não mais aos santos, igrejas, mas ao mundo. Talvez encontrasse a causa nos pecados cometidos. Iria à luta no meio do povo.

O sol mal saiu e da escuridão da noite e ela caminhava nas ruas ainda desertas.
Na esquina do campo santo, diversos hansenianos com sacolas nas mãos pediam algo aos motoristas que por ali passam; seguiu em frente contornando a cidade. Nas esquinas das ruas Getúlio Vargas desde a Leonardo Malcher a Sete de Setembro, outros hansenianos, inclusive um a jovem mulher, de cabelos negros estica sua sacola pedindo ajuda.
Na Getúlio Vargas com a Dez de Julho um chamou-lhe a atenção. Parece que um dia exerceu a função de guarda de trànsito. Quem somos afinal? O rosto é uma capa que nada diz os gestos sim.

Na Sete de Setembro com a Getúlio Vargas os seres se confundem, são crianças, idosos, doentes que pedem ajuda.
Na Eduardo Ribeiro para alguns são loucos, para outros são vítimas do mundo cão. Um homem carrega uma trouxa na cabeça e suas roupas são trapos torcidos que o deixa parecendo a uma múmia ambulante. Uma mulher anda à solta sangrando, menstruada, sem dar conta de si. Um jovem ainda dorme na porta da Caixa Económica, na Henrique Martins com a Barroso, Um outro na Ferreira Pena bate a cabeça no muro até sangrar. Meu Deus pergunta a viúva. Como pode acontecer tudo isto e eu de porta em porta nas igrejas em busca de um companheiro.
Perdoa-me Senhor! Há pessoas pior que eu.

Sentou na sarjeta e sem querer leu numa revista Cidade Nova, algo sobre as pessoas que vivem nas ruas. "Minha casa, a rua".
A reportagem dava como causa a injusta distribuição dos bens, a discriminação, violência, o precário sistema educativo, o desemprego, junto leva as pessoas à rua.
Para a opinião pública são vadios, preguiçosos, bêbados, ladrões, traficantes... Um preconceito criado por todos nós.
Uma estatística vai mais longe e diz: Em São Paulo 92% são do sexo masculino e vivem sós, 70% menos de 40 anos, 50% são brancos, 30% pardos e 20% negros.
13% são analfabetos, 4% concluíram o 2º grau, 87% trabalham com carteira assinada. As mulheres geralmente pedem esmolas, Outros são catadores de papel, carregadores de caminhão.
Sr. Antonio, um morador de rua dizia: "O MUNDO É MINHA SALA DE VISITAS!"

Tristeza, meu Deus! Não faz muito tempo lembrava que ela viu na telinha um cobrador de ónibus desempregado que passava o dia tentando algo para a família, mas o sistema o levara à Lixeira Pública e ele perdia o lar, a família. Diante da realidade da vida só restava a ela refletir:
O que ela realmente queria? Seria um companheiro ou teria que conviver com a solidão.
Respostas que só o tempo dirá. Pobre viúva!
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Manaus, Amazonas, 26.08.1995
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Nota da autora. Em dez anos de rádio tinha como missão delatar a miséria, o descaso político de minha terra, como poetisa, o dever dobra. São as Cronicas que me dão força para delatar tais fatos. Mudou morte nestes anos. O Governo tem se preocupado mais com o social. Mas, ainda falta muito e muito e muito. Manaus, 22.02.2009 Ana Zélia





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