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cronicas-->O falador maldizente -- 26/02/2009 - 18:40 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gabrielzinho-boca-de-porco, o maior energúmeno que o bairro Vila Dependência conheceu durante toda sua historia, não se cansava de falar. O demenciado achava que com aquele lero-lero, papo furado, conseguiria manter a atenção dos enteados sob sua responsabilidade.
Boca-de-porco não acreditava que as crianças pudessem brincar. Para ele, elas tinham que permanecer quietas, num canto, ouvindo o que ele dizia. Era uma espécie de pedagogia de maluco.
Mas, poderá perguntar o meu mui nobre leitor: sobre o que o "projeto de mendigo" falava? Onde ele tirava tanto assunto para entreter os menores? Boca-de-porco repedia as mesmas palavras e mentia para as crianças, dizendo que ouvia do além, os sons que reproduzia.
Na verdade, o quase mendigo enrolava mais do que carretel de linha, nas mãos do moleque empinador de pipas.
A amásia do boca conhecida no trecho como T. O Quinha, levava as refeições até o local onde o vagabundo permanecia, pondo-lhe colheradas na boca. Era característico da família o uso de colheres durante os almoços e jantares.
A própria mãe do Boca, dona Anartrite, bastante incomodada com os pés rachados, a pança e o bumbum proeminentes, almoçava e jantava usando colher. Pode parecer esquisito, mas eles não se davam bem com garfos e facas. Se tivesse um bife ou um frango frito, eles usavam as mãos, nunca, porém facas ou garfos.
Era muito mais fácil o pai do Gabrielzinho usar as facas para ameaçar os vizinhos, do que durante os repastos.
As crianças sob o poder dessa figura saída das trevas da ignorància, sofriam maus tratos constantes e, o próprio cachorro que tivera a infelicidade de residir naquele cortiço, sofria com os chutes, puxões no rabo, beliscões e tapas no focinho.
Boca-de-porco achava que tinha na garganta o seu triunfo contra aqueles que antipatizava. Não usava o "esboço de pedinte", a lógica nos seus arrazoados. Ele repetia e repetia os estereótipos visando entreter os menores sob sua tutela e fustigar a vizinha boazuda que a-do-ra-va cervejadas ao som de sertanejos.
O enfadonho lembrava cigarras, quando se punha a boquejar. Sapos ou pardais tinham seu tempo de lembrança na mente dos que percebiam a insensatez do retardado.
Anartrite ao invés de reprimir as manifestações amalucadas do troncho apoiava-o considerando que eram tabus perigosos de lidar. Na verdade o que Gabrielzinho precisava era mesmo de um psiquiatra competente que tivesse a sua disposição, doses maciças de fenobarbital.
De vez em quando Boca-de-porco discutia diretamente com o enteado já crescido e com dez anos de idade. O problema sério que Boca-de-porco enfrentaria, ocorreria quando o garoto atingisse os dezesseis ou dezessete anos.
Anartrite vivia queixando-se de estar a casa sempre suja demais. Ela observava que bastava ela terminar de limpar o chão da cozinha, para que os desocupados, orbitantes naqueles espaços impregnados, voltassem a sujar tudo de novo.
- Assim eu não aguento mais! - gritara Anartrite, momentos antes que seu marido chegasse da serralheria. - Eu já estou ficando cansada de limpar e ver tudo sujo do mesmo jeito. Ora, vão se catar, cambada de vadios!
Gabrielzinho, conhecido por ser despossuído de siso, virava e mexia via-se envolvido nos debates verbais com as mocinhas que vinham ao cortiço, visitar as crianças prisioneiras.
Com Gabrielzinho não adiantava polícia. Para que ele tivesse sossego bastava a dupla de enfermeiros, portando uma camisa-de-força, vindos de ambulància buscá-lo para uma temporada na casa de repouso.
O fraco de espírito a cada dia que passava via-se sozinho, sem a concordància de ninguém. Nem mesmo a prestimosa dona Anartrite aprovava mais as atitudes daquele "fora do esquema".
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