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cronicas-->O JACARÉ E A ONÇA. -- 04/03/2009 - 20:40 (Ana Zélia da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:131420484813790300
O JACARÉ E A ONÇA. (crónica)

Ana Zélia

Houve um tempo em que animal e homem se comunicavam verbalmente, hoje só alguns se fazem entender. Por sua inteligência os bichos se comunicam entre si. Imperceptível a nós.

Caminhava a onça rumo ao riacho em busca de água. Não pensava em atacar outro animal, estava satisfeita, havia abundància na floresta.

Entre os animais a lei existente era a da NATUREZA.
A onça matava para comer, nada mais. Não fazia mais que isto.
Chegando à margem curvou-se para saciar sua sede quando rastejando aproximou-se a cobra.
Era CASCAVEL com seu chocalho no rabo. Refletiu a onça. As cobras em sua maioria vivem dentro d´água o que fazia aquela ali às margens? Estaria a mesma querendo picá-la?
__ Não. As víboras dificilmente enfrentam as onças. Por medida de segurança levantou a cabeça.

A cobra iniciou o diálogo. __ Não temas. Só quero conversar um pouco. A boataria está se alastrando em terra e na água. Uns dizem que acabou o respeito entre bicho e homem. A natureza não mais dita normas as faz o homem.
__ Ninguém entende ninguém.

Atónita após o susto a onça respondeu. __ É senhora Cobra.
Cascavel. Retrucou a víbora. É mais familiar.

__ Sim, senhora Cascavel. Quando a vi receei o bote, mas concordo com a senhora. Na selva falam-se tantas coisas que fico a cismar.
__ O que está acontecendo com o homem? Eles criam normas sem terem sequer o cuidado de averiguar para quem o estão fazendo. Dizem que após sair publicado o que chamam LEI, todos devem conhecê-la.
Ora, senhora Cobra. Cascavel, disse carinhosamente a víbora.
Minhas desculpas. Como podemos aceitar que um homem rude vivendo afastado da civilização, sem nunca ter ido à escola, possa saber o que é isto. Nós podemos entender a dificuldade desses habitantes nativos em relação aos outros. Eles não.
Criaram um órgão para proteger e tirar do homem a única fonte de sobrevivência em relação a nós.
Proibiram o caboclo o uso da espingarda, arpão, rede de pesca, armadilhas, machado... Não podem criar araras, papagaios, periquitos que alegram suas vidas.
É o cúmulo.
Ah! Senhora Cascavel, parece que o mundo deles ficou louco, não se entendem.

A conversa prosseguia animadamente quando surge das profundezas das águas borbulhantes o JACARÉ sem ser chamado entra na conversa.
__ Com licença gostaria de desabafar um pouco, falou o réptil.
Tem toda, disseram as duas a uma só voz.
Imaginem vocês que cá vivo eu neste mundo criado por Deus, quando não estou ao sol, percorro lagos, charcos em busca de alimentos. Não tenho culpa das mandíbulas disforme.
Ouvi uma estória que na cidade preparam uma forma de me destruir. Devo pagar por crimes imputados a mim.

"INFELIZ É O SER INOCENTE QUE NÃO PODE SE DEFENDER.
QUANDO ROTULAM UM COMO BANDIDO, NADA OS FAZ MUDAR!

Não tem jeito. Agem à revelia. Não tenho direito de defesa. Virei manchete dos jornais, revistas, até canal de televisão usaram, apanharam alguns filhotes de jacaré Tinga, amarraram para mostrar a mim como assassino. Mas, tenho minhas armas, vou dar trabalho a eles.
Neste mundaréu criado por Deus somos diversificados. Os maiores são do meu grupo. JACARÉ-AÇU, os menores são os TINGAS.
Sou mais perigoso pelo porte. De uma coisa fique certo não subo barrancos à procura de presas, são elas que me caçam. Quando os ataco o faço em defesa própria. É a LEGITIMA DEFESA que eles propagam. A caça que fazem a mim visa a comercialização de minha carne e pele. Viro bolsa, cinto, sapato de madame.
VAI TER CABOCLO RICO!

__ Coitados! Quem vai ganhar com isto são os homens da cidade, restando aos daqui o perigo da caçada. Possuo minhas armas. O primeiro choque dou com o rabo, amorteço o inimigo que aparo na boca. É A LEI DO BICHO.
Se me apanham, antes precisam adentrar em meu habitat que considero INVASÃO DE DOMICíLIO. Usam lanternas para me encandear. As montarias que usam posso virá-las com a maior facilidade. Cego me arpoa ferido corto água até cansar. Eles puxam a corda me levando às margens quando dão a porretada de misericórdia.
Triste sina a minha. Nesta lengalenga, por aglutinação ganhei um apelido. __NHAMUNDACARÉ! Uma junção do município Nhamundá ao meu nome, jacaré. São inteligentes não posso negar. A eles tiro o meu chapéu. Com tudo isto há uma satisfação pessoal. Todos os domingos estão nas bancas de jornal de mão em mão, tenho um clube só meu vivo deitado em berço esplêndido. Não tenho medo dos homens, mas dos fantasmas. Lá sou CRICRI. As crianças me adoram.
POBRE HOMEM!

A conversa está boa quando pulando de galho em galho com seu grito surge o macaco. Aos brados diz: Ei, dona Onça, seu Jacaré, Senhora Cobra , sabem da nova? Acabo de ouvir um grupo de homens que estão chegando da cidade, o assunto é sério.
Dona Onça, segundo eles atacou um indefeso homem tirando dele uma parte do rosto, deixando-o mutilado. Agora eles preparam o revide.
Um homem foi preso porque matou um jacaré, agora a ordem é prender dona Onça por TENTATIVA DE MORTE. __ Sei não! Esta história cheira mal.
Todos vão pagar por isto.
Bem sei que na cidade n´ao podem mais me fazerem prisioneiro, nem me amarrarem nas cordas.
-- SOU LIVRE!
ENTENDA O HOMEM!
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Publicado no Jornal A Critica - 02.09.1991































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