Naquela batida, sinto a luz entrar em meu quarto. Que lástima, nem deu tempo de flutuar em meus sonhos. Realmente, não naveguei. Desta vez, não deu!
Pensando que poderia me conformar em minhas navegações, esqueci da presença DELE. Tão sorrateiro, implacável, quase desumano. Tento fugir nos meandros que encontro em minha casa. Mas enfim a luta é inglória.
Devo me entregar. Abrir os braços... quem sabe até as pernas, tamanha é sua pervesidade.
Ele vem aos poucos, comendo pelas beiradas, numa seção infindável de tortura, digna dos loucos PMs que nos policiam atrás de seus colegas bandidos.
Não me dá a menor possibilidade de sair. Logo hoje, dia propício para tentar desenvolver minhas tarefas. Não sem antes desfrutar de um bom banho. Ah! Como é bom um banho de manhã cedo!
E este indivíduo ainda no meu calcanhar.
O que faço?
Talvez deva elimina-lo...
Ou quem sabe, apenas deleta-lo.
Não, infelizmente isso não é possível.
Os minutos passam e minha cama é invadida ferozmente por este ser abominável e algumas vezes cruel. Não tenho o que fazer.
Num instante de sufoco, tamanho é seu abraço, me entrego:
_ Pode me pegar, faça o que quiser de mim, mas me deixe vivo!
E este ser como sempre faz, me abraça, me dá um beijo e me diz, saudando um belo dia:
_ Oi papai, vem binca comigo?
E meu filho é o maior espetáculo da terra... |