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Cronicas-->GENTIL AQUINO - IN MEMORIAN - Na missa de sétimo dia -- 22/03/2009 - 12:53 (Tarcísio José Fernandes Lopes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MISSA DE SÉTIMO DIA


Saudoso esposo, pai, avó, sogro, irmão, tio...

Gentil Aquino,

Mesmo que esta carta não possa chegar até ao senhor, todos nós cremos que o senhor estará ouvindo esta leitura, de onde estiver.

Hoje, faz 06 (seis) dias que sua carne deixou de viver, lembra-se? Uma eternidade!!! Mas seu espírito continua mais vivo do que nunca dentro da gente... Outra eternidade!!!

Sabe seu Gentil, muita coisa mudou depois que o senhor se foi. A começar por esse vazio que teima em "encher" o nosso dia-a-dia. Os hábitos já não são os mesmos:

- Já não vemos o senhor à "testa" da mesa, na hora das refeições nem vemos o senhor deitado no sofá, após o almoço - "fazendo um quilo", como o senhor costumava nos dizer;

- A conversa na calçada, à noitinha, tem outra característica: a alegria, quase sempre, cedendo lugar à tristeza; e os assuntos sobre inverno, coisas do sítio, familiares, pessoas amigas, moradores..., pelo menos por enquanto, não parecem ter a mesma sensação de que queríamos falar sobre eles ou de que, realmente, queríamos ouvi-los. Todos parecem meio divagantes;

- O senhor também já não chega mais do sítio, da cidade, do açougue, do supermercado, da igreja...;

- Nem tampouco somos recebidos por um pai, sogro, avó, tio, amigo sorridente e transbordante de alegria, quando em casa chegávamos;

- Seus amigos, da cidade ou dos sítios, já não o vêem passar pelos mesmos caminhos de sempre. Eles também sentem sua falta.

No lugar disso tudo, herdamos um sentimento que nos acompanha incessantemente: a SAUDADE. Essa saudade eterna.

Lembra-se, seu Gentil, há algum tempo, lamentávamos, com certo inconformismo, um acidente que o senhor sofria. Hoje, revestidos desse inconformismo peculiar ao ser humano, talvez preferíssemos optar por aquela situação, se Deus nos permitisse escolher entre aquela e esta, dada a irreversibilidade que esta última situação se nos apresenta. Mas Deus sabe o que faz.

Mas não se preocupe, seu Gentil, que a fé que temos em Deus nos fará fortes o suficiente para sabermos vencer estes momentos e aprender a conviver com essa saudade imensa, movidos pela fé e pela crença "NA RESSURREIÇÃO DA CARNE" e "NA VIDA ETERNA". É com essa crença que não nos queixamos a Deus por Ele ter tirado o senhor de nosso meio, mesmo lamentando sua ausência de nosso convívio.

Se Ele chamou o senhor é porque está precisando do senhor em seu Reino, que é bem diferente desse mundo que o senhor viveu.

Nós também cremos, seu Gentil, que Deus, quando leva os justos, os bons, já tem um lugar bom preparado para eles em seu Reino de amor.

Cremos também que Ele o levou para que o senhor continuasse, no Reino Celestial, a bela missão que o senhor desempenhou aqui na terra.

Sua morte foi repentina, dura demais! Mas o fato de o senhor não ter sofrido tanto com as "penas" de uma doença prolongada faz-nos um pouco mais confortados.

Quem sabe, o senhor, agora mais perto dEle, possa olhar e zelar espiritualmente por nós. Aliás, em apenas 12 dias, ele levou 3 "grandes colunas" para fortalecer as estruturas de seu reino: Terto Fernandes, Fransquinho Siqueira e o senhor, seu Gentil.

O que nos conforta também, seu Gentil, é o bom exemplo que o senhor nos legou como esposo, pai, avó, sogro, irmão, tio, cunhado, amigo... Enfim, tudo isso e mais: um verdadeiro homem!

É por isso que crermos que o senhor ganhou a vida eterna. É aceitando esta crença, que lutamos, com todas as forças, para convivermos com a saudade, resignadamente, mesmo ainda não entendendo esse mistério tão duro que é a separação pela morte.

Sim, nós sabemos que o senhor quer que agradeçamos a todos quantos, de uma maneira ou de outra, nos apoiaram e nos confortaram nesses momentos tão difíceis. Ali é que se entende melhor um dos sentimentos mais nobres da humanidade: a SOLIDARIEDADE. Aliás, o senhor soube tão bem expressar esse sentimento!

Pois bem, seu Gentil, aos médicos, enfermeiros, todo o pessoal do hospital, às irmãs, às ministras, (aos celebrantes desta Santa missa), todos quantos o assistiram e nos confortaram naqueles momentos (e até agora), aos amigos e ao povo em geral, nossos sinceros agradecimentos por tudo, traduzidos na sua vontade, seu Gentil. Agora, entendemos porque o senhor era tão solidário!

Para finalizar, seu Gentil, queremos tranquilizá-lo: a saudade é grande, um vazio nos "invade", mas a certeza de que o Senhor ressuscitará nos fará fortes para convivermos com sua ausência física, no constante pressentimento de que o senhor estará ao nosso lado, onde quer que estejamos.

Foi-se o ser em carne, mas ficou a imagem, fortalecendo o exemplo de caráter, hombridade, honestidade, trabalho e fidelidade à família e aos amigos, cujo exemplo nos acompanhará pelos caminhos da nossa vida, preparando-nos, também, na caminhada para a vida eterna.

Sabe, seu Gentil, amigo e tudo. Ainda tínhamos muita coisa para dizer, mas deixemos para outra oportunidade.

Por fim, obrigado pelo que o senhor foi por todos nós.

Olhai por nós aí em cima e, deste mundo, ficaremos rezando pelo senhor as mesmas orações que o senhor tanto respeitou e acreditou, enquanto vivo.

Não deixamos nosso adeus porque o senhor não se separou de nós. Apenas Deus o levou para a vida eterna, para onde todos nós iremos um dia.

Até por lá...

De sua família, saudosa e resignada em Deus


Pau dos Ferros, 17 de maio de 1992.
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