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Cronicas-->Eis que a vida... -- 14/03/2001 - 22:01 (Erbon Elbsocaierbe de Araújo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Eis que a vida, vez e outra, nos assusta; e nos põe à vista alguma face oculta. Atrás d´algum espelho, há o que se pode ver e imaginar, e o mais indecifrável. Algum dia, surpresos, deparamo-nos com o inaudito.
Movidos pela dor, muita gente nos procura. Certo dia, um que poderia como tantos outros ser mais um dia de casos rotineiros, desta vez causou-me espécie. Uma espécie de algo o que quer que seja piedade, profunda admiração e vergonha misturada.
Um homem, o acompanhante, e uma mulher, a paciente. Aquela sofria de uma dor medonha; aqueloutro pela dor da companheira. Até aqui, isso de sentir alguma dor, a de si própria, ou a de outrem, não é lá coisa incomum. Aquele casal me foi especial.
A julgar pelos trajes, quase maltrapilhos, tratava-se de uma gente muito pobre. A dor e o sofrimento estampados em suas faces, marcas de tempos ruins, marcavam os rostos com profundas rugas de expressão. Desde as mãos à fronte, tudo era retrato de uma vida sofrida. O tempo e as dificuldades roubaram-lhes da pele o lustre.
Pois que a dor e o sofrimento acentuam a aparência da pobreza fazendo com que os pobres pareçam inda mais pobres.
A mulher alem da dor que a pungia, era portadora dalgum raro mal que a tornara feia; e aquela enfermidade incurável duplicava-lhe a feiúra a cada instante que passava.
Qual dos sentimentos ou virtude num é capaz de noutro operar estranhas e formidáveis mutações, e assim o mal se torna bem ou, dentre tantos outros feitos, faz o feio belo parecer? Aquele pobre homem era o depositário desse estranho sentimento.
Ante a dor e o sofrimento da mulher, sua companheira, o outro em pranto abandonava sua macheza e humilde reclamava - doutor, por Deus, salve a minha mulher! - eram sós na vida. - Doutor, faça alguma coisa por ela! Ela é tudo em minha vida. Não deixe que ela morra! - Minh´alma, já pequena, reduziu-se a um grão de pó. A do homem reluzia; o coração na sala não cabia. Vi-me o único pobre e feio ali presente.

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