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Poesias-->Reflexões noturnas -- 30/08/2001 - 23:35 (Raquel Salama Martins) |
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Nove e meia da noite.
E eu ainda estou aqui
À espera de um amigo
À espera de um amante
Pego um livro
Começo a ler
Olho o relógio
Como entender?
Será que ele vem?
Termino o primeiro capítulo
Encosto no peito
O livro
Estou deitada na cama
O tempo passa, mas ele não vem...
Será que me ama?
Começo, então,
A pensar na vida
Em vão.
Sozinha,
Na minha ilha,
Digo: não!
Não o quero mais...
Somos tão diferentes!
Estou cansada de tentar entendê-lo
Porque não me trata como gente?
Será que não sente?
Será que não sabe?
Será que não entende?
Que me sinto sozinha.
Que preciso de atenção
No fundo
Ele parece ser tão bom...
Quando juntos
E sozinhos
Consigo decifrar em seus olhos
O carinho
A doçura
A bondade
A ternura
Mas de longe
Parece tão vulgar...
Bebendo com os amigos
Falando bobagens
Em qualquer lugar
Porque não vem comigo?
Porque não acredita no amor?
Porque não procura me conhecer?
Porque tem medo da flor?
Porque tem medo da lua?
Será que tem medo da dor?
Como pode?
Olhar-me e não me ver
Como pode tocar-me
E não me sentir?
Ele não gosta de refletir
Sobre valores
Teme sentir
Os ardores
Será que é medo?
Ou defesa?
Ele não enxerga
Outras belezas
Ele não conhece
Outras palavras
E vive
Na superfície
Da vida
Sim. É medo.
Medo de mergulhar
Na profundidade
E nunca mais voltar
Talvez por incredibilidade
Na existência
De tamanha beleza
No fundo do mar
Talvez por comodidade
Torna sua alma pequena
E não acredita
Que o sacrifício
Vale a pena.
Sei que o amor é um enigma
Algumas pessoas
Tentam desvendá-lo
Outras
Evitam encontrá-lo
Mas estas não sabem
Que só existem
Por causa do amor
Ele não sabe
Que a vida
É fruto do amor
E o amor
É a semente da vida
É como a luz
É como a energia
Penetra em toda parte
Parece uma magia
Não há como dele fugir
Um dia ele irá admitir-
Por mais que tente fingir-
Que o amor existe!
Um dia
Terá que abrir a janela
De seu coração
E deixar a luz entrar
Para alimentar
Sua vida
Um dia
Ouvirá aquela canção
Que eu quis tocar
No violão
E então
Não terá mais medo
De caminhar
Na contramão
E então
Terá energia suficiente
Para mergulhar
Na amplidão
Dos mares interiores
E descobrir seus amores
E sentir seus ardores
Por isso
Eu digo: Não!
Não o julgo agora
Não o chamo lá fora
Porque não é hora
Ele não vem.
Raquel Salama Martins
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