Ser namorado... Reflito sobre isso. O que quer dizer? Não me refiro ao que o dicionário diz. O que nosso coração diz sobre isso? Pode uma pessoa mais velha se enamorar de uma mais nova? Uma solteira de uma casada? Uma por outra que vive distante, ou mesmo que nem conhece pessoalmente? Diz o poeta que o “o coração tem razões...”. O coração não procura a razão das coisas. Ele apenas sente, vive, vibra. Por que não sentir algo diferente por outra pessoa mesmo que as convenções sociais a proíbam ou a distância a impeça, ou a idade? O coração está acima dessas convenções e limites materiais. Ele por seu lado é muito sábio. As vezes faz sofrer pois é um rebelde inveterado. Mas não aceita com facilidade essas imposições e dificuldades. Podemos sim nos apaixonar, nos enamorar, nos ligar com grossos laços de afeto a qualquer pessoa, próxima ou distante, amarrada ou livre, com quem tenhamos um relacionamento pessoal ou não. O que dizer? Podemos julgar? Creio que não. Um pai se apaixona por um filho, uma mãe por sua filha, um(a) amigo(a) por seu(ua) amigo(a). Na época presente, prenhe de tecnologia, vemos pessoas dos mais diferentes cantos do mundo se enamorarem ligados que estão pela grande rede de comunicação eletrônica. Constatamos: os sentimentos vencendo barreiras materiais e políticas. Um grande avanço? Um grande problema? Talvez venhamos a saber um dia. A verdade é que hoje esse ambiente ferve aquecido pela falta de afeto, pela falta de companheirismo, pela falta de amizade. As pessoas procuram outras pessoas para compartilharem suas vivências e sentimentos sem se importar pelo espaço imenso que há entre elas. Pessoas carentes abrem coração e alma na busca incansável de uma palavra amiga, um carinho, uma atenção. Fatos passageiros? Alguns podem alegar isso. Mas na prática podemos perceber que se tornam mais consistentes e perenes. E assim os corações se aproximam. E, quem sabe?, um dia também os corpos.
Um grande beijo neste dia dos namorados do primeiro ano do novo século.