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Cronicas-->Sorteio das galinhas -- 26/04/2009 - 08:33 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sorteio das galinhas

Aroldo Arão de Medeiros

Chove lá fora. Um homem chega de carro, carregando seis garrafas de conhaque de terceira categoria. Logo depois chega outro calçando sandálias, vestido com uniforme de empreiteiras, azul.
O que farão?
Sentarão em torno de uma pequena mesa, com espaço para apenas quatro cadeiras. Mas apesar do espaço diminuto, estarão em seis, acotovelando-se, jogando cacheta.
Um bebe pinga pura, outro conhaque e um terceiro batida de maracujá. Alguns repartem a bebida e os dois que assistem ao jogo, mergulham na cerveja.
Lá fora um campo de futebol abandonado, onde provavelmente não haverá jogo, porque chove e a grama não deve ser estragada.
Além dos que rotineiramente se encontram aos domingos, há também o dono do boteco que, além de servir as bebidas, assa galinhas. Elas serão vendidas perto do meio dia, quando todos irão para casa com parte do almoço sob os braços.
Estão chegando mais e mais homens. Eu irei até lá. Poderá ser montada uma mesa de dominó e, nesse caso, irei brincar, me distrair, pois estou sem fazer nada, ouvindo a chuva bater no teto do carro.
Tudo isso que estou relatando, na verdade não estou vendo agora, vi em outros domingos chuvosos. Saio do carro e me encaminho ao local para me certificar de que não falei mentiras.
Enganei-me redondamente na quantidade de pessoas que estão jogando e bebendo. São mais de trinta, sem contar uns quatro guris com sacola na mão, esperando que apareça o time infantil da cidade vizinha.
O que trouxe os conhaques, ao que parece, foi quem organizou o evento, vem ao meu encontro, indagando:
- O senhor é lá de baixo?
Essa pergunta significa "Você é da cidade vizinha e o time virá?".
Apesar de eu ser da tal cidade vizinha, respondo prontamente:
- Meu amigo, não tenho nada a ver com o que poderá acontecer.
Senti vontade de falar mais: "Estou matando o tempo para poder almoçar em paz".
Mas deixei pra lá, não valia a pena.
Todos falavam ao mesmo tempo e a algazarra aumentou quando, na televisão, mostraram o alemão quebrar o carro e sair da corrida. Todos prestam atenção em tudo, mas redobrada é a concentração com os números berrados dentro do bar. Esses correspondem ao que é sorteado em uma roda de madeira com aros de bicicleta, dependurada na parede. O prêmio, uma saborosa galinha assada. São realizados cinco sorteios e entregues cinco galinhas. É comum alguém ganhar duas galinhas na mesma rodada.
Não houve futebol, não joguei dominó, mas para minha sorte, depois de concorrer por três vezes, levei uma galinha para casa. Paguei o dobro do que pagaria em qualquer outra mercearia, mas valeu a pena. Em casa todos me esperam chegar com a galinha assada, e a completam com recheio, polenta e muito amor.


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