Maio, 2003–1º - Educação Brasileira
1922-1997
DARCY. UM PENSADOR DA ESCOLA NOVA.
Welington Almeida Pinto
Mineiro de Montes Claros. Diferente do estereótipo: língua solta, nada discreto. Muito menos moderado. Polêmico. Revolucionário. Pensava grande, movido pela obsessão de salvar o Brasil de todas as crises através da educação. E pensava alto, para todo mundo ouvir. Queria fazer de nosso país uma nação desenvolvida, justa para todos os cidadãos. Pequena utopia! - como afirmava. Até porque em suas reflexões tinha como meio a escola pública de qualidade para alcançar a transformação.
Sem educação para o povo não há como fazer o país crescer - acreditava.
FIM DA EXCLUSÃO
Para Darcy Ribeiro o sistema educacional do Brasil é elitista e desonesto, promove a exclusão, consciente ou não, das crianças de classes mais pobres. Sempre foi um exaltado crítico do sistema de turnos, que, ao reduzir o tempo de aula, restringia também as chances do sucesso de quem não tinha condições de complementar a formação em casa.
Queria uma escola com no mínimo seis horas diárias de atividades e funções que fossem além do ensino e da aprendizagem. Na sua cabeça um espaço de instrução tinha que ter orientação artística, desenvolvimento das ciências, assistência médica, odontológica e alimentar, além de orientar a criançada a tomar banho e escovar os dentes. Ele lutava por uma escola voltada para as crianças de periferias, classes populares, que muitas vezes só contam com ela para se educar e crescer dignamente.
Dedicou-se de corpo e alma, enquanto viveu, para o crescimento da educação brasileira, dando forma e implementando idéias novas, idéias notáveis que, se tivessem sido aplicadas com seriedade e boa vontade política o Brasil estaria vivendo uma realidade bem diferente, mais humana e melhor. Para Darcy Ribeiro, a educação é peça fundamental no processo de desenvolvimento e democratização do Brasil.
Discípulo do educador baiano Anísio Teixeira. Na década de 50, promoveram um grande trabalho pelo ensino público e pela erradicação do analfabetismo. Sociólogo de formação, dizia que a escola tinha de ser vista do lado de fora da sala de aula, incluindo nela uma dimensão política.
A finalidade da educação se confunde com a finalidade da vida. Se o estudo é a luz da sabedoria, a filosofia social é o fio condutor.
LEGADO AO BRASIL
Darcy não desenvolveu grandes teorias pedagógicas nem métodos de aprendizagem, mas deu forma e realidade a idéias notáveis. Não era autor de teses, mas de feitos.
Entres suas obras, a criação dos CIEPS - Centros Integrados de Educação, dinâmicos espaços culturais e civilizatórios para as populações da periferia metropolitana, inicialmente implantados no Rio de Janeiro.
Outro relevante serviço ao país foi a implantação da Universidade de Brasília, projeto do presidente Juscelino Kubitschek, onde foi o primeiro Reitor. Na UnB lutou para eliminar ao máximo o formalismo e criar uma instituição livre em que a pesquisa seria voltada para a resolução dos problemas nacionais.
Como Senador e autor da LDB, deu atenção especial à qualificação do Magistério, fundando os ISEs - Institutos Superiores de Educação, dedicados a oferecer o curso normal superior, mais amplo e aprofundado, para formar professores de Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Esse investimento era, segundo Darcy, essencial à melhoria da educação. E defendia: ... um professor bem preparado, estimulado e provido de um mínimo de material didático foi sempre uma peça-chave nas escolas que alfabetizaram o mundo.
Foi também Ministro, vice-governador do Rio, etinólogo, acadêmico, educador. No Congresso coordenou a elaboração da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – batizada com seu nome.
* Welington Almeida Pinto é Escritor, Jornalista (08124/JP-MTE). Autor, entre outros livros, de Santos-Dumont, No Coração da Humanidade. Ver a relação de seus livros nos sites www.welingtonpinto.kit.net e www.ieditora.com.br * E-mail: welingtonpinto@globo.com
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