O burro puxa o arado
Milho cozido e assado
Menino correndo nu
Pamonha e beijú
O cheiro da terra
O verde da serra
A conversa no balcão
Até na cidade
Sinto a felicidade
Quando chove no sertão.
Água fria no pote
A moça na janela
Feijão maduro na panela
O milharal no serrote
Jumento correndo a galope
Mulher fazendo canjica
Tomar banho de bica
O vaqueiro e o jibão
A sanfona e o baião
Não se ver maldade
Sinto a felicidade
Quando chove no sertão.
Criança brincando na chuva
Rolinha a voar
Os homens a caçar
Uma morena de curva
No banho de água turva
É grande a alegria
Quando chega a pescaria
Se pesca com galão
De landuá o camarão
É essa a verdade
Sinto a maior felicidade
Quando chove no sertão.
O mato todo molhado
Água em enxurrada
A alegria da passarada
O sossego do gado
O chuvisco no telhado
A tapioca quentinha
O pirão de farinha
A água na calha
cigarro de palha
Do feijão maduro
Eu sinto saudade
É a maior felicidade
Quando chove no sertão.
Nuvens escurecem o céu
Meninos com barco de papel
Milho verde quiabo
A alegria do roçado
Nos campos a ressurreição
Do sertanejo a redenção
É açude sangrando
E a terra banhando
O cururú na estrada
A lua e a amada
Meu cavalo alasão
É festa em meu torrão
Sinto a maior felicidade
Quando chove no sertão.
É cerca de sábia
A criação a pastar
É muita fartura
O retrato da cultura
É grande a beleza
Que se vê numa mesa
O coração bate forte
Por ser cabra do norte
Agradeço ao pai da criação
Por toda essa emoção
Pois é grande a alegria
Quando chove no sertão.