Usina de Letras
Usina de Letras
80 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62243 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10369)

Erótico (13570)

Frases (50641)

Humor (20032)

Infantil (5440)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140811)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6198)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->A camela sedenta -- 06/05/2009 - 11:26 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
- Você, camela sedenta, que se sentava com qualquer um que lhe desse água, e que abria a aljava a quem quisesse guardar nela as flexas; que pagava para ter a companhia dos amantes, agora vê-se ai, sozinha, abandonada por todos. Jumenta carente, em eterno cio, que levava os homens aos lugares distantes, onde saciava a luxuria incontida que a compunha, agora nem mesmo que os pague, tens a presença dos tais parceiros fugidos. - dizia o sermão do pastor da igreja As Barbas do Abrão, por onde passou, defronte, Elza.
A mulher arrepiou-se toda, mas não deixou de lembrar das "pisadas na bola" que dera quando estava casada com Gabriel. Recordando-se das palavras que lhe dissera o amigo Van Grogue, no dia anterior, Elza sentiu remorso. Afinal, não poderia diante das traições e violências praticadas pelo mau caráter, abandoná-lo, sem submetê-lo a tantas humilhações?
Será que os sofrimentos impostos por ele foram muito maiores do que a sua capacidade de manter o bom senso, o tino, ou o juízo?
A mulher não tinha lá muito discernimento e por isso mesmo, por predominar nela as emoções grosseiras, mostrava-se bastante vingativa. Ela afirmava não se tranquilizar enquanto não visse a família toda do Gabriel no buraco. Isso ela prometeu ao pé da cova, no dia do enterro do sogro.
Pois a quizumba foi feia, meu amigo. Os homens velhos com os quais Elza saciava a sede de vingança e, aos quais contava os segredos do marido, viam naquela mulher, ainda jovem, uma espécie de ícone que lhes avivava as lembranças da virilidade, dos tempos em que foram moços.
Algumas esposas, dos amantes de Elza, tiveram que passar por tratamentos psiquiátricos oferecidos no consultório do psiquiatra mais famoso de Tupinambicas das Linhas: o doutor Silly Kone. Eram os efeitos colaterais, da luxúria, do ódio, e da vingança,
Um dos velhotes, para quem a camela abria a aljava, sofrera um infarto fulminante, vindo a falecer a caminho do hospital. Outro velho folgazão matusquela, que por ser aposentado da prefeitura municipal de Tupinambicas das Linhas, e não ter onde colocar os proventos que recebia mensalmente, enchera de presentes os filhos do traído, dissera que Gabriel o corno, merecia mesmo os chifres que ganhara.
O mecànico provecto, pai das filhas adolescentes, que saiam dos seus banhos matinais envoltas nos roupões felpudos, viu horrorizado, sua esposa vetusta, acossadas pela opinião pública efervescente na vizinhança, que apontava a camela sedenta como depositária do afeto que lhe faltava.
Ninguém podia negar ter sido aquele período, um tempo muito triste na vida daquela gente.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui