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cronicas-->Paranormalidade -- 18/03/2001 - 20:35 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ou: as coisas do outro mundo

O Brasil é um país muito sensível ao tema da paranormalidade. Paranormais ululam, pululam por toda a parte. O vulgo costuma dizer que mãe é uma só. Mas não se vai dizer o mesmo, por exemplo, de uma Mãe Dinah, que já fez previsão de quase tudo
- sem muito acertar, é bom que se diga, mas sempre com aquele seu ar de infinita bondade, com aquela aura de quem tem um pezinho na cozinha lá do outro lado.
Mas a ingratidão da plebe superava, de longe, os seus poderes. Não conseguiu se eleger vereadora pela maior cidade do país. O que não a impediu de prosseguir em sua, digamos, cruzada do bem, sempre antecipando os futuros possíveis. E, nesses futuros possíveis, uma certeza: os televisores eternamente ligados e o povo, essa brava gente brasileira, ordem unida, a receber a mensagem. Não sei se Mãe Dinah terá previsto tantas bundas, o dia inteiro, e tanta música gospel pela madrugada adentro.

Mas, para retomar o fio da minha enleada, quem não se lembra do furacão Uri Geller? Só Deus sabe quantos garfos e colheres não terá entortado por este crédulo Brasil afora. E tudo graças à televisão brasileira, sempre fiel ao dever da informação, mas sem descurar, isso nunca, do necessário entretenimento, que ninguém é de ferro.
E um dos meus parentes, em Sorocaba, jamais se esquecerá daquela noite memorável, em que o país, plugado na televisão - vício de que jamais iria conseguir se livrar pelos anos afora -, assistiu boquiaberto à demonstração dos poderes daquele homem que surgira do nada, como que por encanto, e que para lá deve ter voltado, por obra de algum provável desencanto. Quem sabe? Talvez por não haver mesmo bem que sempre dure, como diz o ditado.

Naquela noite, ele desafiava o telespectador como nunca antes o fizera, em lugar nenhum do planeta. E olha que o homem era rodado, sambado mesmo, para falar o brasileiro bem claro. Que viessem garfos, colheres, aparelhos eletrónicos enguiçados, para tudo ele teria um jeito. Mágica pura? Não. Poderes. Aquilo que a boca não sabe dizer, mas de que os olhos que a terra há de comer, mais do que arregalados, dão testemunho. Quem viu, viu. Quem ouviu, que conte. E quem conta um conto... E etc.
Naquela noite, memorabilíssima, contava depois esse meu parente a toda a sua freguesia apalermada, acontecera o que ficaria para a crónica da cidade, da família, e que, hoje, pelos meus dedos que percorrem ágeis e tendinosos o teclado de um computador - este pós-Uri-Geller,
se é que podemos chamá-lo assim, pelas suas tantas mágicas -, fica registrado.

Num quartinho do quintal, onde ficavam os guardados, quase sempre inúteis, por isso mesmo prenhes de promessas e, por que não dizê-lo, poéticos, havia um ferro elétrico estragado, seus tantos anos de não serventia e de não fazer nada.
Havia anos que ele aguardava, quiçá, algum avanço imponderável da ciência, da técnica, que o reconduzisse ao bom uso de todo santo dia. Pois, naquela noite do desafio inaudito, com o simples ribombar da voz do grande Uri Geller, o ferro elétrico estragado, não mais que de repente, começou a pegar a Rádio Cacique de Sorocaba.
Pelo menos foi esse o relato que me ficou na memória daqueles dias. Dele dou fé e deixo firmado o meu registro.
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