Diz a tia com fisionomia irritada, fronte tensa, vincos fortemente delineados:
- “Regina, Francineide está usando minha blusa. É uma blusa bege, de palha de seda!”
- “Tia, Fran sequer sabe o que é palha de seda. Trabalha com uma camiseta branca de algodão. Veja, ela está limpando o quarto ao lado, agora.”
- "Ah! Você é boba mesmo! Não enxerga nada. Não vê o que acontece nesta casa. E ainda fica íntima. "Fran"! Era só o que faltava, retruca, como sempre.
- "Tia, onde estão os seus óculos?”
- "Há muito tempo não os vejo. ‘Ela’ deve tê-los ‘tirado’ da minha gaveta. Aliás, já sumiram todos os meus batons e cremes. Só não ‘tirou’ os perfumes, porque estão muito bem guardados. Essa tal Fran, como você diz, mexe em tudo. Esta é a razão pela qual não consigo mais dormir. Tenho que fechar um olho e deixar o outro "BEM" aberto! Fala num tom bem mais grave.”
Regina olha para a tia e apanha a sacola de lã. Sugere que faça um pouco de crochê e liga a televisão para ‘mudar o rumo da prosa’.
Irada, a tia joga o novelo de lã dizendo que já trabalhou muito na vida e senta-se bruscamente na poltrona. Não percebe que ‘seus óculos’ estão ‘ali’. Quebra-os com o tranco!
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