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Cronicas-->NÃO SOU FELZ MAS TENHO MARIDO -- 21/05/2009 - 11:45 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NÃO SOU FELIZ MAS TENHO MARIDO
João Ferreira
21 de maio de 2009


"Não Sou feliz mas tenho marido" é um famoso livro da jornalista argentina Viviana Gomez Thorpe. Está traduzido em português, é publicado pela Editora Letraviva e já virou peça de teatro. Pode comprar-se na internet ou por telefone e o sucesso é imparável. É um livro bem escrito, bem humorado e mostra, por parte da autora, a capacidade de descrever com detalhes o dia a dia de uma vida a dois.
A autora tem habilidade e humor inteligente e gracioso, para mostrar algumas das situações mais típicas da relação de um casal, sem se preocupar em teorizar e tirar conclusões. No fundo o livro revela psicologias femininas como resultado prático de muita observação e conhecimento obtido através de entrevistas não reveladas que representam o mundo de muitas mulheres infelizes que por várias razões e circunstància escolheram o parceiro errado e que só descobriram depois no desenrolar da vida familiar.
A capacidade jornalística de Viviana Gomez Thorpe em pintar com humor, graça e ironia, o dia a dia da vida real de um casal, conseguiu criar uma espécie de arquétipo que transformou o livro durante quase um ano num dos maiores bestsellers argentinos.
No Brasil, o sucesso não ficou atrás. O livro, além de uma difusão sempre crescente, transformou-se em peça e monólogo teatral.
Através da atriz Zezé Polessa, o monólogo foi apresentado durante várias sessões no Canecão, no Rio de Janeiro. Mas não só.
Esse sucesso foi obtido em muitas outras cidades brasileiras: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Aracaju, Macaé, Fortaleza, São Paulo.
Referindo-se ao sucesso da peça na cidade de Fortaleza, CE, Charlline Chaves em 1 de dezembro, 2008 faz o seguinte comentário que é uma amostragem de como o público a está recebendo: "A peça esteve em cartaz no fim de semana último aqui em Fortaleza, e , não diferente dos demais locais por onde passou, com casa cheia. No Teatro Celina de Queiroz, entre muitas gargalhadas e auto-reconhecimento ao desenrolar do espetáculo, o público a atriz [Zezé Polessa], maravilhosa, impecável entre outros muitos adjetivos, também se diverte. Em alguns momentos, ela mesma deixa transparecer que vivencia, ou em algum momento já vivenciou algumas das situações abordadas, através de risos que mesmo com muito esforço para não demonstrá-los, insistem em denunciá-la. A peça, mostra com muita comédia, situações reais de um relacionamento a dois.
A apresentadora Ana Maria Braga em seu programa da TV Globo "Mais você" de 21 de maio de 2009 convidou a atriz Zezé Polessa para um debate entre várias mulheres sobre a peça agora em cartaz no Teatro Procópio Ferreira, em S. Paulo : "Não sou feliz mas tenho marido". No grupo de debate convidado por Ana Maria Braga, além de Zezé Polessa que vivencia a personagem feminina da peça "Não sou feliz mas tenho marido", compareceu a escritora Cristina Orsini que espontaneamente se dispós a narrar sua situação real e conjugal, que se encaixa na tese da peça. Segundo ela, vive com um marido que não a acompanhou num momento grave de càncer, e não lhe dá atenção. Mesmo assim continua casada. Tem consciência da sua (como ela diz) "imbecilidade". Não é feliz mas tem marido. Interpeladas as debatedoras para interpretar o caso da advogada e escritora Cristina Orsini, na sua aproximação com a personagem vivida na peça,essas senhoras terminaram por opinar a respeito. Referiram-se às mulheres que mostram de um lado não serem felizes mas que por outro lado insistem em continuar casadas. As várias respostas das debatedoras inclinam-se no sentido de dar uma resposta que represente o conflito, a insegurança e a incapacidade psicológica de certas mulheres para assumirem uma atitude mais coerente. A psicóloga convidada e a entrevistadora interpretaram essa situação ambígua como um fenómeno que indica existir nessas mulheres que não "são felizes mas têm marido" algo que se identifica com "dependência emocional", e então, também, como uma prova de que essas pessoas têm a necessidade de "ter alguém" e que têm medo de se sentirem sozinhas sem coragem para enfrentar a solidão. Vivem em silêncio: muitas delas sofrem, não são felizes, mas são conservadoras. Nem sabem porquê, mas ficam. O grupo falou de certo tipo de homens egocêntricos, senhores absolutos de seus egos ignorantes, pouco atentos ao problema ou aos problemas da companheira infeliz. E falou também de certo tipo de mulheres que se submetem mais facilmente a esse tipo de homens e que terminam por serem extremamente infelizes.
Finalizando o debate, a tese "não sou feliz mas tenho marido", desdobrada em seus variados sentidos significa: Há nas mulheres que vivem nessas situações uma profunda frustração quando dizem "Não sou feliz". Mas ao mesmo tempo, essas mesmas mulheres que dizem que não são felizes, mantêm-se casadas a troco de "uma compensação", quando dizem: "mas tenho marido". Entre uma fronteira e outra, nas múltiplas faces de uma realidade que é a sociedade conjugal, vão lá os psicólogos, os terapeutas e os filósofos entender porque é que certas mulheres se encolhem e ficam sofridamente passando seus dias aprisionadas, dizendo-se infelizes mas buscando, ao mesmo tempo, na pessoa estranha do marido que a desconhece ou maltrata, "uma última e insofismável compensação". Entre ideias, felicidade, aventura, desventura, angústia e medo, as vidas humanas definem muitas vezes assim seu percurso. Essa é a atmosfera da intimidade da pessoa. Nessa intimidade ninguém pode intrometer-se nem tocar. Só essa pessoa mesmo, só ela como vítima sabe, consciente ou inconscientemente, porque aceita tal situação que ela mesma declara infeliz: "Não sou feliz mas tenho marido". É uma tese profunda, complicada...mas dá para assistir em
teatro quando a peça se chama "Não sou feliz mas tenho um marido". Mas uma tese vivencial também para certas mulheres sofrerem na alcova e nos domínios da psiquê.

João Ferreira
21 de maio de 2009
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